Plantações ilegais de marijuana estão a poluir a Califórnia

Produtores deixam contentores com químicos muito tóxicos nos terrenos. Limpeza pode custar 84 milhões de euros aos contribuintes do estado.

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As plantações ilegais de marijuana na floresta nacional da Califórnia tornaram milhares de hectares de terreno tão poluídos que funcionários judiciais foram parar ao hospital após terem tocado em plantas.

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As plantações ilegais de marijuana na floresta nacional da Califórnia tornaram milhares de hectares de terreno tão poluídos que funcionários judiciais foram parar ao hospital após terem tocado em plantas.

Mais de 90% das quintas ilegais de marijuana nos Estados Unidos situam-se na Califórnia. A maioria do resultado do cultivo, vindo de milhares de plantações escondidas no meio de terreno federal e de outras em propriedades privadas, é exportada para outros estados.

Depois de um ano ou dois, os produtores de marijuana abandonam as quintas ilegais. Para trás ficam contentores que armazenam químicos tão tóxicos que basta um quarto de uma colher de chá do conteúdo destes contentores para matar um urso.

A Califórnia ainda está a desenvolver um sistema de licenciamento para os produtores de marijuana, apesar de a venda legal começar já em 2019 e o uso médico ser permitido há décadas.  

Em 2014, um funcionário fez uma estimativa do volume usado na floresta de pesticidas e fertilizantes banidos, mas esse número será, afinal, muito maior. Segundo Mourad Gabriel, um ecologista que documentou agora a situação para os Serviços Florestais, as florestas da Califórnia têm 41 vezes mais fertilizantes sólidos e 80 vezes mais pesticidas líquidos do que em 2013.

A exposição a estes pesticidas fez com que pelo menos cinco funcionários e dois suspeitos de plantação ilegal tenham ido parar ao hospital devido a erupções cutâneas, problemas respiratórios e outros sintomas.

Os produtores costumam usar carbofurão, fosforeto de zinco e outros fertilizantes e pesticidas proibidos ou de uso restrito. A utilização destes produtos químicos é contra a lei e pode matar espécies sensíveis. Além disso, os fertilizantes podem causar o crescimento exponencial de algas e problemas de bactérias nos rios e nas nascentes.

De acordo com os dados ainda não publicados de Mourad Gabriel, a que a agência Reuters teve acesso, o território federal da Califórnia tem 331 toneladas de fertilizantes, 13.914 quilos de fertilizante líquido concentrado e 5668 quilos de pesticida tóxico.

Os locais mais tóxicos custam 84.000 euros para limpar, o que representa uma conta que pode chegar aos 84 milhões de euros para os contribuintes da Califórnia. Este é um problema que atinge outros estados dos EUA como o Alasca, Oregon e Washington, onde os produtores de marijuana já foram processados por crimes ambientais.

Apesar de a Califórnia está a dar passos para a legalização deste mercado, que permite regular o uso de químicos, teme-se que muitos produtores continuem a escolher a via ilegal.

"Há muitos incentivos para se continuar a produzir marijuana ilegalmente”, disse Mike Cenci, responsável pelo Departamento da Pesca e da Vida Selvagem de Washington, acusando os produtores de não gostarem de pagar impostos e da burocracia.