Mbappé: a pérola mais valiosa do mercado reaquece o motor no Mónaco

No plano das previsões, a transferência de Kylian Mbappé será o acontecimeno milionário do mercado de Verão. Apesar do ataque “externo”, o avançado voltou aos treinos no clube que o projectou.

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Reuters/Phil Noble

Aos 14 anos, Kylian Mbappé teve a improvável oportunidade de visitar as instalações do Real Madrid “guiado” pela mão do ídolo de infância Zinedine Zidane. A esta ocasião especial seguir-se-ia outra ainda mais invulgar, a oferta de uma vaga na academia dos “merengues” para prosseguir a formação. Era um salto de gigante numa carreira ainda a acelerar, mas o jovem avançado rejeitou o cenário. Queria continuar a evoluir num contexto mais familiar, sem cortar ligações sentimentais e sem queimar etapas. Escolheu o Mónaco, o mesmo clube pelo qual realizou ontem os exames médicos de início de temporada, apesar do assédio da alta finança da Europa.

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Aos 14 anos, Kylian Mbappé teve a improvável oportunidade de visitar as instalações do Real Madrid “guiado” pela mão do ídolo de infância Zinedine Zidane. A esta ocasião especial seguir-se-ia outra ainda mais invulgar, a oferta de uma vaga na academia dos “merengues” para prosseguir a formação. Era um salto de gigante numa carreira ainda a acelerar, mas o jovem avançado rejeitou o cenário. Queria continuar a evoluir num contexto mais familiar, sem cortar ligações sentimentais e sem queimar etapas. Escolheu o Mónaco, o mesmo clube pelo qual realizou ontem os exames médicos de início de temporada, apesar do assédio da alta finança da Europa.

O actual detentor da Liga dos Campeões é apenas um dos concorrentes à contratação da pérola que mais tem agitado o mercado de transferências. Na corrida pelo atacante que já espetou também uma bandeira no território da selecção francesa estão ainda PSG, Arsenal, Manchester City, Manchester United e Liverpool. Mas o valor do passe de Mbappé, que tem contrato com o campeão gaulês até Junho de 2019, tem deixado o negócio em águas de bacalhau — terá sido rejeitada, no mês passado, uma proposta que rondava os 80 milhões de euros.

Compreende-se o cerco ao jogador. Aos 18 anos, Mbappé já bateu um conjunto de recordes de precocidade, ultrapassando inclusivé lendas como Thierry Henry nessa caminhada. E tem mostrado estar tão à-vontade num jogo das primeiras eliminatórias da Taça de França como na alta roda da Liga dos Campeões. Ele, que deixou em stand-by o curso de Gestão, está agora a colher os frutos de uma paixão pelo desporto que mais parece uma obsessão. “Eu vejo, como e durmo futebol”, revelou recentemente numa entrevista ao Le Parisien.

Uma versão corroborada pelo pai, também ele antigo futebolista e treinador dos escalões de formação do Bondy, um pequeno clube de Seine-Saint-Denis, a norte de Paris, onde o pequeno Kylian despontou para a modalidade. “Eu trabalho neste ramo e ele chega a incomodar-me com uma dedicação tão a fundo. Vê tudo. É capaz de ver quatro ou cinco jogos de forma consecutiva”, revelou Wilfried Mbappé, à revista France Football.

Nem o passado da mãe, Fayza, enquanto andebolista filtrou a entrada do futebol em casa, um tema diário nas conversas do clã Mbappé. Foi assim dos quatro aos 14 anos, período durante o qual representou o Bondy, e continua a ser assim desde que se mudou para o Mónaco, um clube que o cativou pelo projecto. “O PSG já me tinha contactado, mas o Mónaco correspondia mais ao que eu pretendia. Permitia-me progredir oferecendo-me as melhores condições nos planos desportivo, escolar e humano”, explicou.

“Coisas que não são normais”

Acabou por ser Leonardo Jardim a tirar dividendos do despontar de uma estrela que, para além dos predicados técnicos e da velocidade de execução, tem a flexibilidade tão apreciada no dias que correm: tanto pode jogar no eixo do ataque como em qualquer uma das alas. Um atacante com qualidades invulgares, como uma vez confirmou o companheiro de equipa Sidibé: “Nós vemo-lo todos os dias nos treinos e ele faz coisas que não são normais. Tem algo de diferente”.

Esse “je ne sais quoi” que Kylian transporta tem sido reconhecido um pouco por todos os estádios onde tem levado o seu futebol. E os elogios têm partido não só dos companheiros de profissão (incluindo adversários como o guarda-redes Gianluigi Buffon) mas também de treinadores conceituados (incluindo Arsène Wenger e Antonio Conte). O que está em causa não são apenas os 15 golos e oito assistências que somou na época passada, em 29 jogos. É a panóplia de soluções ofensivas que oferece ao treinador: “É um jogador muito rápido, evoluído, muito forte a atacar as costas dos adversários”, adianta Jardim.

Um trunfo com o qual, pelo menos para já, o técnico português poderá contar para preparar a defesa do estatuto de campeão. À imagem dos outros internacionais do plantel do Mónaco, Mbappé regressou ontem ao trabalho em La Turbie, o centro de treinos do clube, reajustando o volume dos rumores do mercado (que só encerra a 31 de Agosto) sobre uma eventual transferência. A julgar pelo discurso, porém, o avançado não terá pressa em mudar de ares: “Mesmo sabendo que no futebol tudo pode acontecer, estou muito ligado ao Mónaco. Este clube tem-me feito crescer e deu-me a oportunidade de jogar a nível profissional. Espero devolver a confiança conquistando muitos troféus”.