Porto vai ter que esperar mais de dois anos pelo Cinema Batalha

Rui Moreira diz que Cinemateca Portuguesa não demonstrou "qualquer tipo de abertura" à possibilidade de parte do arquivo que gere poder passar na sala portuense

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O Cinema Batalha, no Porto, não deverá voltar a abrir as suas portas, já totalmente renovado, antes do final de 2019. E, isto, se tudo correr “dentro da normalidade”, como antecipou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, na manhã desta quinta-feira, durante a apresentação da proposta de reabilitação desenhada pelos arquitectos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez. Nessa altura, o autarca espera que o espaço possa contar na sua programação com algumas obras do arquivo de cinema internacional, gerido pela Cinemateca Portuguesa, ainda que, neste momento, e segundo o autarca, esta não tenha demonstrado “qualquer tipo de abertura” a essa hipótese.

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O Cinema Batalha, no Porto, não deverá voltar a abrir as suas portas, já totalmente renovado, antes do final de 2019. E, isto, se tudo correr “dentro da normalidade”, como antecipou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, na manhã desta quinta-feira, durante a apresentação da proposta de reabilitação desenhada pelos arquitectos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez. Nessa altura, o autarca espera que o espaço possa contar na sua programação com algumas obras do arquivo de cinema internacional, gerido pela Cinemateca Portuguesa, ainda que, neste momento, e segundo o autarca, esta não tenha demonstrado “qualquer tipo de abertura” a essa hipótese.

O arquitecto Alexandre Alves Costa apresentou aos jornalistas a sua proposta para o futuro Cinema Batalha, sem diferenças notórias em relação àquilo que já dissera em Abril, aquando de uma visita de elementos do Bloco de Esquerda ao local. A Sala Bebé vai desaparecer, sendo aquela área ocupada por um espaço polivalente, mais próximo do salão de chá que ali existia nos primeiros anos do Batalha. Mas o edifício continuará a ter duas salas de cinema, ficando a nova sala instalada no que é hoje parte do 2.º balcão da sala principal.

Os arquitectos optaram por manter apenas as primeiras três filas do 2.º balcão da sala que verá reduzida a sua capacidade actual de 950 lugares para cerca de 600, nascendo, por trás dela, uma sala-estúdio com capacidade para cerca de 150 pessoas. Esta divisão vai obrigar à criação de um novo espaço de projecção, na zona de separação entre as duas salas, e cuja construção deverá constituir uma das maiores complexidades técnicas da intervenção, pela necessidade de insonorização, que garanta a possibilidade de existirem projecções em simultâneo nas duas salas. O projecto prevê também que o terraço seja aberto ao público e utilizado como esplanada e que no piso que serve a tribuna, na zona do foyer, exista uma pequena biblioteca aberta.

Para que tudo isto se concretize serão necessários cerca de 2,5 milhões de euros – dois milhões para a obra, cerca de 500 mil euros para especificidades técnicas, mobiliário e outro tipo de equipamento – e mais de dois anos de espera. Rui Moreira diz que espera ter o projecto de execução pronto até ao final do ano, já depois de ouvida a Direcção-Geral do Património Cultural, uma vez que o edifício está classificado como Monumento de Interesse Público. Segue-se o concurso público “que não deve demorar mais de cinco meses”. “Antecipamos que as obras possam iniciar-se daqui a um ano e o prazo estimado dos trabalhos é de um ano e seis meses. Se tudo correr dentro da normalidade, teremos o Batalha no Verão de 2019”, disse Rui Moreira. As contas do autarca não batem, contudo, certo e a cumprir-se o calendário que ele próprio traçou, o Batalha só deverá estar pronto não no Verão, mas no final do ano de 2019.

Rui Moreira disse ainda que está também a ser estudado como será feita a recuperação dos painéis perdidos pintados por Júlio Pomar. E que, neste momento, a Câmara decidiu fazer "duas sondagens técnicas finais para assegurar de forma definitiva que as obras que existiram não podem ser recuperadas".

O novo espaço cultural da cidade deverá dedicar-se então ao “conhecimento, inovação e memória”, os três eixos em torno dos quais rodará o projecto do Batalha, que terá no serviço educativo um aspecto central, disse o autarca. Com uma programação que se espera bastante heterogénea e em que haverá espaço para a apresentação de novas cinematografias, espera-se, ainda assim, que o Batalha permita o usufruto do “cinema de arquivo, analógico e digital”, explicou Guilherme Blanc, adjunto do Moreira para a Cultura. E é aqui que o presidente da câmara diz que há ainda muitas questões para resolver, em concreto, com a Cinemateca Portuguesa.

Segundo Rui Moreira, a última reunião que manteve com o secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, e representantes de Cinemateca, há cerca de “três meses”, não foi optimista para as pretensões portuenses de passaram no Batalha alguns dos filmes do arquivo nacional. “Não há qualquer tipo de abertura da Cinemateca para que possamos exibir, dizem eles, em condições do segurança, o cinema do arquivo internacional no Porto”, disse o autarca. Mas o presidente da Câmara do Porto disse que, se vencer as próximas eleições autárquicas, não deixará “que este assunto fique assim”. “Quem manda no arquivo nacional não é a direcção da Cinemateca e esperamos que, quando chegar a hora, o senhor ministro da Cultura e o secretário de Estado apoiarão o Porto”, disse, ressalvando que a cidade saberá “garantir as necessárias condições de segurança”.

Exterior também muda

A reabilitação do Cinema Batalha não é a única intervenção que a Câmara do Porto está a preparar na zona. Rui Moreira revelou que a câmara “solicitou ao arquitecto Adalberto [Dias, responsável pela requalificação da Praça da Batalha, no âmbito da Porto 2001] que faça uma proposta de rearranjo da praça”. O autarca diz que o projecto actual tem “coisas que agradam, outras não”, aludindo a algumas alterações introduzidas na zona ao longo dos anos e outras que, estando previstas, não foram concretizadas, como exemplos de algo que poderia mudar. Em concreto, Rui Moreira lamentou que a escadaria da Igreja de Santo Ildefonso seja hoje muito mais curta do que já foi e que o obelisco que estava no topo da Rua de 31 de Janeiro, funcionando “como contraponto à Torre dos Clérigos”, esteja hoje guardado.

O processo está ainda muito no início, disse Rui Moreira, pelo que “dificilmente” se poderá esperar uma nova Praça da Batalha aquando da reabertura do cinema.