A Europa uniu-se para agradecer a Helmut Kohl

Vários líderes mundiais foram a Estrasburgo para a agradecer o legado deixado pelo “arquitecto da ordem mundial”.

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A cerimónia fúnebre do antigo chanceler alemão, Helmut Kohl, promovida pelo Parlamento Europeu juntou este sábado vários líderes mundiais, actuais e antigos, em Estrasburgo, naquele que é descrito como o primeiro funeral europeu de Estado da história. A nota dominante foi de agradecimento ao homem que muitos consideram o arquitecto da reunificação alemã.

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A cerimónia fúnebre do antigo chanceler alemão, Helmut Kohl, promovida pelo Parlamento Europeu juntou este sábado vários líderes mundiais, actuais e antigos, em Estrasburgo, naquele que é descrito como o primeiro funeral europeu de Estado da história. A nota dominante foi de agradecimento ao homem que muitos consideram o arquitecto da reunificação alemã.

A chanceler Angela Merkel deu o seu exemplo pessoal como testemunho do legado de Kohl. “As vidas de milhões de pessoas teriam sido muito diferentes sem Helmut Kohl, incluindo a minha própria”, disse Merkel, que nasceu na Alemanha de Leste. “Querido Helmut Kohl, é graças a ti que estou aqui hoje, obrigado pela oportunidade que me deste e a muitos outros”, acrescentou Merkel, que chegou a pertencer ao Governo de Kohl.

Ao seu lado esteve, durante toda a cerimónia, o Presidente francês, Emmanuel Macron, que recordou “as lições que Helmut Kohl deu à França e a todos os europeus”, no discurso com o tom mais político do dia. “Não temos razões para nos resignarmos, mas todas as razões para ser optimistas realistas”, disse Macron, em alemão, prometendo dar significado, “com Angela Merkel”, ao ideal europeu.

O antigo Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, lembrou, durante um discurso emocionado, que “Kohl queria criar um mundo em que ninguém dominava” e dirigiu-se aos restantes líderes presentes em Estrasburgo. “Helmut Kohl deu-nos a oportunidade de participar em algo maior que nós próprios, maior que os nossos mandatos, maior que as nossas carreiras”, afirmou Clinton.

A representar a Rússia na cerimónia esteve o primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, que descreveu o estadista como o “arquitecto da ordem mundial”. “Na Rússia, iremos recordá-lo como um amigo, uma pessoa sábia e sincera”, acrescentou. O antigo chanceler era muito próximo do último líder soviético, Mikhail Gorbachov, os dois foram actores fundamentais no processo de desintegração da União Soviética e do bloco de Leste.

“Perdemos um gigante da era do pós-guerra”, disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também muito próximo de Kohl e o responsável pela proposta de realizar a cerimónia fúnebre no Parlamento Europeu.

O antigo primeiro-ministro espanhol, Felipe González, lembrou “a frase que define o legado” de Kohl: “Lutou por uma Alemanha europeia e não uma Europa alemã.”

De Estrasburgo, o caixão foi transportado de helicóptero até à cidade natal de Kohl, Ludwigshafen. O destino final é a catedral de Speyer, onde estão sepultados vários antigos imperadores do Sacro-Império Romano – uma união de muitos pequenos reinos europeus no coração da Europa e que atravessou toda a Idade Média.

O programa das cerimónias foi uma derradeira polémica na vida de Kohl. A família mostrou-se contra a ideia de não ser organizado um funeral de Estado na Alemanha e de Kohl não ser enterrado na cidade natal. Porém, o antigo chanceler terá deixado planos para que as cerimónias decorressem em Estrasburgo, como demonstração do seu apego aos valores europeus, dizem os assessores.