Holanda ainda sem Governo: um "cubo de Rubik eleitoral"

Partidos não conseguem encontrar acordo e analistas dizem que é provável que só haja novo Governo depois das férias do Verão.

Foto
Mark Rutte continua a não conseguir uma coligação após as eleições de há três meses JULIEN WARNAND/Epa

Três meses depois das eleições, os holandeses continuam sem Governo – e já muitos estimam que uma nova coligação só seja acordada depois do Verão. A hipótese mais provável é uma coligação mais conservadora, mas há quem não descarte a hipótese de um Governo minoritário.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Três meses depois das eleições, os holandeses continuam sem Governo – e já muitos estimam que uma nova coligação só seja acordada depois do Verão. A hipótese mais provável é uma coligação mais conservadora, mas há quem não descarte a hipótese de um Governo minoritário.

“Isto é o cubo de Rubik eleitoral”, comentou Rem Korteweg, do centro de estudos Clindael, ao jornal Politico. A eleição deixou uma paisagem política extremamente fragmentada em que cada nova peça que entra no puzzle afasta a anterior, acabando sempre em minoria. E há um partido sempre fora da equação – o partido de extrema-direita de Geert Wilders, 20 deputados, que os outros recusam pela sua postura ideológica e por não ser democrático (o único membro é o próprio Wilders).

O partido que mais cresceu nas eleições – a Esquerda Verde, de Jesse Klaver, 14 deputados – recusou entrar no Governo por não querer a hipótese de fazer acordos para retorno de refugiados semelhantes ao que a União Europeia tem com a Turquia com países africanos.

Esta semana começou uma nova ronda de conversações, desta vez com o partido conservador de Mark Rutte (VVD, 33 deputados), os democratas-cristãos (CDA, 19 deputados), os liberais de esquerda D66 (19 deputados), e a muito conservadora União Cristã (CU, 5 deputados). Um acordo entre estes foi antes impossível porque o D66 e a CU discordam profundamente em questões sociais, e o Parlamento entra em férias a 7 de Julho.

Os três partidos apostados em formar governo – PVV, CDA, e D66 – estão a cinco deputados de uma maioria. "As negociações podem arrastar-se durante todo o verão", disse um porta-voz do CDA.

O Partido Trabalhista (PvdA), do ministro das Finanças, Jeroen Dijsselbloem, teve um resultado desastroso na votação de 15 de Março, perdendo três quartos do seu grupo parlamentar e elegendo apenas 9 deputados, na sequência da sua participação no último Governo de Rutte, um executivo que levou a cabo medidas de austeridade incompatíveis, para muitos eleitores, com os princípios de esquerda. O partido ainda considerou juntar-se ao próximo Governo mas preferiu afastar-se para se tentar reerguer.

O líder do D66, Alexander Pechtold, declarou que após as recusas dos verdes e dos sociais-democratas quer “investigar seriamente como podemos formar um Governo maioritário”.

Reconhecendo a dificuldade, acrescentou: “Se começo algo, as hipóteses são bastante grandes de que vai ter êxito.”