Google vai incluir bloqueador de publicidade no browser Chrome

A empresa criou também uma ferramenta para que os sites possam cobrar por uma navegação limpa de anúncios.

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O negócio do Google assenta nos anúncios online LUSA/FILIP SINGER

O Google decidiu que há anúncios que são maus de mais para serem mostrados. O browser Chrome (desenvolvido pela empresa e o mais usado do mundo) vai passar a bloquear, a partir do início de 2018, todos os anúncios em páginas cuja publicidade não cumpra critérios de qualidade – o que inclui os anúncios do próprio Google.

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O Google decidiu que há anúncios que são maus de mais para serem mostrados. O browser Chrome (desenvolvido pela empresa e o mais usado do mundo) vai passar a bloquear, a partir do início de 2018, todos os anúncios em páginas cuja publicidade não cumpra critérios de qualidade – o que inclui os anúncios do próprio Google.

A decisão surge quando cada vez mais utilizadores optam por não ver publicidade. Bloqueadores como o AdBlock e o AdBlock Plus, que podem ser instalados gratuitamente nos browsers, eliminam a grande maioria dos anúncios, a não ser que o utilizador decida em contrário.

O sistema do Google, no entanto, funcionará como um filtro, eliminando apenas os anúncios em páginas que infrinjam as regras definidas pela Coligação Para Melhores Anúncios, um grupo de que fazem parte, entre outros, o Google e o Facebook, grandes agências de publicidade, e alguns órgãos de comunicação, como a agência Reuters e o jornal The Washington Post.

Entre os anúncios que a coligação considera não serem aceitáveis estão aqueles que ocupam mais de 30% da página, os que tocam som automaticamente e os que cobrem todo o conteúdo, obrigando o utilizador a esperar alguns segundos. Actualmente, o Chrome já bloqueia algum tipo de publicidade, como é o caso dos chamados pop-ups, que surgem numa nova janela e “saltam” para a frente do que esteja a ser visto.

“Estas experiências frustrantes podem levar algumas pessoas a bloquear todos os anúncios – causando um grande prejuízo nos criadores de conteúdos, jornalistas, web developers e profissionais de vídeo que dependem dos anúncios para financiar a criação dos seus conteúdos", escreveu o vice-presidente do Google responsável pela publicidade, Sridhar Ramaswamy.

Irritados com a publicidade online intrusiva e personalizada (por exemplo, a que mostra anúncios em função das pesquisas feitas), e com o facto de os anúncios atrasarem o carregamento dos sites, milhões de utilizadores têm recorrido a bloqueadores. Só a extensão AdBlock, uma das mais populares, foi descarregada 200 milhões de vezes por utilizadores do Chrome (também está disponível para outros browsers). No ano passado, 21% dos utilizadores em Portugal usavam um destes bloqueadores, segundo a empresa de estratégia publicitária PageFair. A inclusão de um bloqueador no Chrome pode significar a necessidade de alterar algumas práticas publicitárias: o browser é usado por 59% dos utilizadores de computador e 54% dos utilizadores de telemóveis e tablets em todo o mundo, de acordo com a empresa de análise NetMarketShare. 

Os bloqueadores de anúncios têm retirado receitas a muitos sites, incluindo os de jornalismo. Na maioria destes casos, a publicidade é a principal fonte de receitas; em alguns, é a única. Alguns sites reagiram pedindo aos utilizadores para desligarem os bloqueadores ou, mais drasticamente, impedindo o acesso ao conteúdo caso um bloqueador esteja activo. Mas o bloqueio de publicidade é um problema também para o Google: os anúncios, que são mostrados tanto nos seus próprios serviços (o motor de busca, o Gmail e o YouTube, por exemplo) como noutros sites, representam a grande maioria da facturação da empresa.

Para que os sites lidem com os bloqueadores, o Google criou uma nova ferramenta, chamada Funding Choices (“opções de financiamento”). Permite pedir aos utilizadores que desliguem o bloqueador ou paguem para remover todos os anúncios daquele site, através de uma funcionalidade chamada Google Contributor. Este serviço começou a ser testado no final de 2014, em moldes algo diferentes dos que foram agora anunciados, mas nunca cresceu e está disponível num número muito reduzido de sites. 

A ferramenta de pagamento não estará imediatamente disponível em Portugal. Por ora, pode ser usada por sites na América do Norte, Reino Unido, Alemanha, Austrália e Nova Zelândia. A empresa promete acrescentar mais países à lista no final deste ano.