Faltam especialistas na área da cibersegurança

Há falta de profissionais especializados em cibersegurança em toda Europa.

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Jorge Alcobia, da Multicert, confirma a falta de pessoal especializado Rui Gaudêncio

Há falta de profissionais na Europa para trabalharem na área da cibersegurança e em Portugal “o problema é mais grave que em muitos outros países” porque muitos jovens formados no nosso país emigram para diversos países, “onde recebem ordenados três a quatro vezes superiores ao que podiam auferir no nosso país”, garantem empresários ligados ao sector.

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Há falta de profissionais na Europa para trabalharem na área da cibersegurança e em Portugal “o problema é mais grave que em muitos outros países” porque muitos jovens formados no nosso país emigram para diversos países, “onde recebem ordenados três a quatro vezes superiores ao que podiam auferir no nosso país”, garantem empresários ligados ao sector.

“Não há força de trabalho suficiente para suportar as necessidades do mercado. Há falta de pessoal especializado em toda a Europa, mas no caso de Portugal há uma claríssima e gravíssima falta de pessoal. Existem certificações profissionais que atestam que essas pessoas têm determinado tipo de competências para exercer na área de cibersegurança e em Portugal esse número de pessoas é, em termos percentuais, muito menor do que em Espanha ou França. Isso implica que os recursos sejam escassos e se tornem caros”, diz João Barreto, da empresa de cibersegurança S21sec.

Além disso, acrescenta, “os poucos recursos que temos fogem para o estrangeiro, atraídos por salários muito mais interessantes em países como o Luxemburgo ou a Suíça, que estão a duas horas de avião de Portugal”.

“Uma pessoa vai ganhar o triplo ou o quadruplo para a Suíça, tem uma vida tranquila, das 9h às 17h, em empresas que facilmente podem pagar salários muito maiores em equipas maiores. Já em Portugal temos uma vida de pronto socorro, em que temos de fazer horários completamente loucos, porque somos poucos e o desafio é grande.”

Jorge Alcobia, da Multicert, confirma estas dificuldades. "Não é fácil conseguir pessoal especializado. É de facto uma área com uma base de recrutamento muito pequena e a procura não pára de aumentar.” Jorge Alcobia acrescenta ainda uma outra circunstância que reduz o universo de candidatos a esta profissão: “Este tipo de actividade não é muito apreciada pelas raparigas", diz o responsável.  

João Paulo Magalhães coordena a licenciatura em segurança informática da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico do Porto, criada em 2010 e a única existente nesta área em Portugal. “Não conseguimos formar o número suficiente de estudantes que o mercado exige. É um curso de futuro, como muita, muita procura. A maioria dos alunos da nossa licenciatura consegue emprego qualificado muito rapidamente”, garantiu ao PÚBLICO.