Nuno Amado: "Sou favorável à diversidade accionista"

O presidente do BCP, que apresentou hoje uma melhoria ligeira dos lucros, falou aos jornalistas sobre os seus accionistas, o caminho "difícil" até 2018, os objectivos já atingidos e o que pensa da solução para o malparado da banca.

Foto
LUSA/ANDRE KOSTERS

"Sou favorável à diversidade accionista", defendeu esta segunda-feira Nuno Amado, no final da conferência de imprensa de apresentação das contas trimestrais do BCP que, entre Janeiro e Março, registou um lucro de 50,1 milhões de euros, mais 3,4 milhões do que o apurado em idêntico período de 2016.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"Sou favorável à diversidade accionista", defendeu esta segunda-feira Nuno Amado, no final da conferência de imprensa de apresentação das contas trimestrais do BCP que, entre Janeiro e Março, registou um lucro de 50,1 milhões de euros, mais 3,4 milhões do que o apurado em idêntico período de 2016.

Para o presidente do maior banco privado, Portugal não pode contar apenas com instituições dominadas por investidores anglo-saxónicos [como acontecerá com o Novo Banco com a venda ao Lone Star] e deu como bom exemplo da diversidade a base accionista do grupo que lidera: “Temos a Fosun [um fundo de private equity chinês que quer reforçar a sua posição até 30%] actualmente com 25%, temos a Sonangol [a petrolífera estatal angolana] com 15% e que muito nos tem apoiado”. O banqueiro observou que, em simultâneo, o banco “tem uma base de retalho de investidores nacionais que andará entre 25%e 30%”.

Nuno Amado veio mesmo argumentar que "em banca não é irrelevante o local onde se consolida”, nem a origem da sede e da sua gestão, o que tem especial relevância no quadro de uma união bancária que está em construção.

Instado a comentar o processo de colocação do Novo Banco na esfera privada, que vai implicar um aumento da exposição do sector a um grupo rival, de 3,9 mil milhões para quase oito mil milhões de euros, o presidente do BCP manifestou a esperança de que operação não tenha “efeitos” na instituição a que preside. E aconselhou as autoridades [Banco de Portugal e Governo] “a delimitarem bem” as responsabilidades contratuais a assinar com o fundo norte-americano Lone Star.

“A informação” que está a ser prestada aponta para um conjunto de instrumentos contratuais que na opinião do banqueiro “devem ser muito bem ponderados”, com incentivos à alienação do Novo Banco que devem ser os “certos” para garantir “a concorrência” sem penalizar os restantes competidores do mercado.

No que respeita à criação de uma solução para absorver o crédito malparado que está actualmente a contaminar as contas da banca portuguesa, Amado diz que irá "analisar com detalhe" e “de boa-fé” todas as vias que lhe forem apresentadas. Mas clarifica que, neste momento, ainda não possui “informação adicional”, acrescentando que no BCP “veremos a possibilidade” de aderir a um veículo – “ou a uma solução que pode não ser um veículo” – que o Governo] venha a constituir com esse objectivo.

Ainda assim, o presidente do BCP condiciona o envolvimento do banco a uma proposta que vise “limpar” o malparado a duas condições: “Não pode haver destruição de capital” e a iniciativa “deve ser acompanhada de um conjunto de alterações nas regras” para que os processos, designadamente os de recuperação de empresas ou de insolvências de empresas, "sejam mais rápidos e eficientes".

O presidente do BCP aproveitou para chamar a atenção para o facto de, no contexto da integração bancária, as autoridades terem de levar em linha de conta que o sector financeiro europeu não é homogéneo, possuindo instituições com riscos diferentes e a operar debaixo de condições que não são idênticas.

Depois de em 2016 ter reconhecido imparidades, o BCP voltou a fazê-lo no primeiro trimestre deste ano, agora em 203,2 milhões de euros, o que traduz um agravamento de 15%.

No que respeita à actividade, Nuno Amado diz que “o caminho [do BCP] para 2018 é difícil”, mas lembra que o banco “está a cumprir o plano definido, pelo que estamos confiantes de que vamos atingir as metas definidas”. No que respeita ao exercício de 2017 nota que “está a ser desafiante” e permitiu mesmo que alguns dos objectivos traçados para o próximo ano tenham sido, entretanto alcançados: o rácio de capital já está em 11% e o rácio de crédito líquido em depósitos já é inferior a 100%.

Inquirido sobre a tendência de agravamento das comissões cobradas aos clientes pela banco, o que permite compensar a descida das taxas de juros, Nuno Amado veio assegurar que “não tem intenção de rever o preçário”, mas lembrou que os resultados com serviços e comissões caíram, em termos domésticos, 8,5%, cifrando-se em 118,2 milhões de euros. “Estou consciente, e espero que nos próximos trimestres comparemos um bocadinho melhor” e que o aumento do número de clientes possa compensar a evolução negativa.