Novo curso de Comandos: 35 candidatos foram chumbados

Começa nesta sexta-feira o 128.º curso da unidade especial do Exército ainda envolvida em polémica devido à morte de dois militares na formação anterior. Dos 106 candidatos, apenas 67 vão iniciar a formação: 35 foram chumbados e quatro desistiram.

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Curso 128 dos Comandos começa nesta sexta-feira Pedro Cunha

É muito provável que nesta sexta-feira dentro dos muros do quartel do Regimento de Comados seja ouvido o grito de guerra da unidade — "Mama Sume", uma expressão de uma tribo da África do Sul, que traduzida significa algo como “aqui estamos nós para o sacrifício”. Na unidade da Carregueira, perto do Cacém, concelho de Sintra, começa o 128.º curso de Comandos — o primeiro depois de há cerca de sete meses dois militares terem morrido no decorrer de um exercício que lançou o Exército numa polémica que ainda dura. Para esta nova formação há novas regras e exames físicos e médicos mais rigorosos. Dos 106 candidatos, apenas 67 vão realmente começar o curso, já que 35 foram excluídos por inaptidão médica, física ou psicotécnica e quatro desistiram.

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É muito provável que nesta sexta-feira dentro dos muros do quartel do Regimento de Comados seja ouvido o grito de guerra da unidade — "Mama Sume", uma expressão de uma tribo da África do Sul, que traduzida significa algo como “aqui estamos nós para o sacrifício”. Na unidade da Carregueira, perto do Cacém, concelho de Sintra, começa o 128.º curso de Comandos — o primeiro depois de há cerca de sete meses dois militares terem morrido no decorrer de um exercício que lançou o Exército numa polémica que ainda dura. Para esta nova formação há novas regras e exames físicos e médicos mais rigorosos. Dos 106 candidatos, apenas 67 vão realmente começar o curso, já que 35 foram excluídos por inaptidão médica, física ou psicotécnica e quatro desistiram.

A 4 de Setembro de 2016, o militar Hugo Abreu foi dado como morto às 21h45, depois da Prova de Choque do primeiro dia de instrução do curso 127. Um outro militar, Dylan da Silva, foi internado no hospital do Barreiro, já depois da meia-noite. Viria a morrer a 10 de Setembro, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde aguardava um transplante de fígado.

Terão sido vítimas de esforço inadequado num dia de muito calor, de suposta violência física e de um alegado deficiente acompanhamento médico. O inquérito-crime às duas mortes, conduzido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) e Polícia Judiciária Militar, está em curso e tem actualmente 18 arguidos.

Segundo o Ministério Público (MP), num despacho emitido em Novembro do ano passado, a natureza dos crimes e a actuação dos suspeitos revelam "personalidades deformadas (...) com vista a criar um ambiente de intimidação e de terror, bem como sofrimento físico e psicológico nos ofendidos, sujeitando-os a tratamento não compatível com a natureza humana".

Ainda no entender do MP, "a actuação reiterada dos suspeitos" revela um "manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas, tratando os instruendos como pessoas descartáveis".

O curso 127 foi retomado a 15 de Setembro. A instrução, que tinha inicialmente 67 recrutas, recomeçou com 17 desistências. Este curso terminou 25 de Novembro, com um total de 42 desistências, 27 das quais a pedido dos instruendos e as restantes por indicação médica ou inaptidão física. Concluíram 23 instruendos.

Para este novo curso, que termina a 28 de Julho, foram 106 os militares que concorreram. Mas nem todos iniciam o curso. Um comunicado do Exército revela que o curso 128 terá 67 formandos: dos 106 candidatos, 35 foram excluídos (18 por inaptidão médica, 13 por inaptidão física e quatro por inaptidão psicotécnica) e quatro desistiram.

"O 128º Curso de Comandos será ministrado por uma equipa de 19 formadores (5 Oficiais e 14 Sargentos) e constituído por 67 formandos, sendo 4 Oficiais, 15 Sargentos (3 deles ainda condicionais) e 48 Praças – 15 Internos e 33 Externos (15 deles ainda condicionais). Os militares “condicionais” carecem de confirmação dos resultados de Provas Físicas a realizar imediatamente antes do início do curso", diz o comunicado. 

Outra coisa é certa: nenhum dos formadores do curso 127 vai integrar as equipas de formação do 128. Onze deles são, aliás, arguidos no inquérito-crime em curso.

Mais rigor nos exames

O ministro da defesa, Azeredo Lopes, garantiu recentemente que na selecção haveria “exames médicos muito mais completos e transversais do que aqueles que até agora eram realizados aos candidato” e também “indicações muito claras sobre os limites que devem ser aplicados na formação”.

"A tragédia de Setembro ocorreu, não deve ser esquecida e não foi esquecida na reacção tanto do ministro da Defesa Nacional, como do próprio Exército. Agora cabe olhar em frente, verificar que tudo o que podia ser feito para evitar a ocorrência de novo de situações do género, tudo isso foi feito. Essa é, evidentemente, a única garantia que eu posso dar", disse Azeredo Lopes.

Acrescentando não poder garantir que não haverá qualquer problema com o novo curso, afirmou que podia sim assegurar “que foi feita uma leitura muito exigente, muito completa, dos critérios de formação, do referencial de formação do curso de comandos”, como de todas as forças especiais. “A garantia que eu posso dar é de que, de ora avante, no plano de formação, no ritmo da formação, nos critérios de selecção e de exclusão, estamos francamente melhor do que estávamos em Setembro."

Já o porta-voz do Exército, tenente-coronel Vicente Pereira, garantia, a poucas horas do curso 128 começar: "O Exército não aligeirou o curso de Comandos. Os objectivos são os mesmos, as provas são rigorosamente as mesmas, o que há é melhor gestão a vários níveis. Vamos ter Comandos tão bem preparados como sempre tivemos."