Investigadores definem perfil genético de estirpes da tuberculose em Luanda

Angola está entre os 20 países com maior incidência de tuberculose no mundo.

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Em Angola, estimam-se 93 mil novos casos de tuberculose em 2015 Rui Gaudencio

Investigadores portugueses definiram o perfil genético das estirpes da bactéria da tuberculose em circulação em Luanda, Angola, o que vai permitir o controlo das formas multirresistentes da infecção aos antibióticos. "Este estudo constituirá uma base de trabalho para a monitorização e controlo da tuberculose multirresistente em Angola", referiu, num texto enviado à Lusa, Nuno Taveira, um dos investigadores da faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

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Investigadores portugueses definiram o perfil genético das estirpes da bactéria da tuberculose em circulação em Luanda, Angola, o que vai permitir o controlo das formas multirresistentes da infecção aos antibióticos. "Este estudo constituirá uma base de trabalho para a monitorização e controlo da tuberculose multirresistente em Angola", referiu, num texto enviado à Lusa, Nuno Taveira, um dos investigadores da faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.

Segundo o investigador, o estudo "caracteriza pela primeira vez o perfil genético das estirpes de Mycobacterium tuberculosis em circulação em Luanda, a capital de Angola, bem como o perfil de suscetibilidade das bactérias aos antibióticos".

No estudo participaram 100 doentes diagnosticados com tuberculose do Hospital da Divina Providência em Luanda. "Das 89 bactérias isoladas destes doentes quatro (4,5%, uma taxa considerada moderada) tinham um perfil de resistência múltipla (MDR-TB) ou seja resistência a pelo menos dois dos mais importantes fármacos utilizados no tratamento de primeira linha da tuberculose (isoniazida e rifampicina)", refere o estudo.

O estudo sublinha que nos doentes infectados com aquele tipo de bactéria a "taxa de sucesso terapêutico é baixa (menos de 50%)" e a "taxa de mortalidade é bastante elevada (cerca de 20%)". "Através de métodos moleculares foi ainda possível identificar os principais clones de 'Mycobacterium tuberculosis' em circulação em Luanda bem como a sua dispersão geográfica e dinâmica de transmissão, gerando-se desta forma um conhecimento bastante profundo sobre a epidemiologia da tuberculose em Luanda.

O artigo sobre aquele estudo foi publicado este mês na revista Scientific Reports (Grupo Nature).

Participaram investigadores do Centro de Investigação Interdisciplinar Egas Moniz (CiiEM) do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz (ISCSEM), do Instituto de Investigação do Medicamento (iMed.ULisboa) da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) da Universidade Nova de Lisboa e do Hospital da Divina Providência em Luanda, Angola.

Um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado recentemente indica que Angola está entre os 20 países com maior incidência de tuberculose no mundo. Em Angola, estimam-se 93 mil novos casos de tuberculose em 2015 (uma taxa de 370 em cada 100 mil), dos quais 28 mil são HIV positivos (30%) e 4.100 são casos de tuberculose multirresistente.