Rita não vai “deixar morrer” os Chinelos d'Avó da Serra da Estrela

Designer de 34 anos está a reinventar os chinelos de pano típicos da Serra da Estrela. Chinelos d'Avó custam 15 euros

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Miguel Pereira da Silva/Lusa

Uma jovem residente em Santa Marinha, Seia, dedica-se à produção de chinelos de pano típicos da Serra da Estrela, dando continuidade a um artigo que antigamente era feito com sobras de tecidos das fábricas têxteis da região.

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Uma jovem residente em Santa Marinha, Seia, dedica-se à produção de chinelos de pano típicos da Serra da Estrela, dando continuidade a um artigo que antigamente era feito com sobras de tecidos das fábricas têxteis da região.

Rita Paiva, de 34 anos, designer de comunicação numa empresa de Oliveira do Hospital (Coimbra), começou a fazer este género de calçado em 2012 e nunca mais parou. A jovem, que apenas se dedica à actividade artesanal nas horas vagas, recuperou uma arte tradicional que estava em vias de desaparecer e os seus produtos são vendidos no país e no estrangeiro.

A artesã contou à agência Lusa que o interesse pelo fabrico deste calçado típico da Serra da Estrela, que era produzido por chineleiras da terra onde vive, a partir de restos de burel e de outros tecidos têxteis de sobras das fábricas da região, "começou com o reviver [de] algumas memórias". "Encontrei alguns chinelos antigos no sótão da minha sogra — era a mãe dela que os fazia, tal como todas as avós daqui [aldeia de Santa Marinha, concelho de Seia, distrito da Guarda], e resolvi retalhar alguns tecidos e reinventá-los", lembrou.

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Rita Paiva inovou na produção e aos primitivos modelos de Inverno, que são "extremamente quentes" por serem produzidos com tecido polar ou com lãs naturais, juntou uns de Verão, que são feitos com tecidos de algodão, seda ou linho. "Mexendo nos materiais conseguimos resultados diferentes e consegui ter chinelos de Verão, com o mesmo design, com o mesmo modelo, simplesmente mexendo nos tecidos", referiu.

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A artesã garante que cada par que sai das suas mãos já "é único", mas a nova aposta é personalizá-los. "Ando a estudar maneiras de estampagem", disse à Lusa, explicando que as pessoas podem enviar fotografias, temas, ou até os próprios tecidos para a sua confecção. A ideia é dirigir o seu trabalho para "um público mais específico". No país, os Chinelos d'Avó de Rita Paiva são comercializados em lojas de Lisboa, Porto, Coimbra, Leiria, Fátima, Guimarães e Aveiro, entre outros locais, enquanto no estrangeiro são vendidos na Holanda, em Inglaterra e no Canadá. Também vende para o estrangeiro através da internet: "Estou num site de vendas de produtos de artesanato, onde eles me contactam, fazem a encomenda e eu envio por correio".

A jovem que faz tudo para "não deixar morrer" os sapatos tradicionais de trazer por casa da região da Serra da Estrela reconhece que executa um trabalho difícil e demorado e que "requer muita habilidade com as mãos". A artesã, que não faz ideia de quantos pares já fez, explia que o processo de fabrico começa com o corte, pelo molde, do tecido a utilizar e termina com o "aparar". Pelo meio estão, entre outras operações, a colocação da biqueira, a feitura da sola (com quatro camadas de tecido), a colocação da palmilha e da gáspea [a parte de cima que cobre o pé]. Cada par de chinelos de pano leva cerca de duas horas a fazer e é vendido a partir de 15 euros.