O conselho de Theron

Jenny Beavan estava a vestir Charlize Theron para uma cena de Mad Max: Fury Road e a actriz deu-lhe os parabéns pela roupa que tinha feito. Beavan, que é inglesa, ficou embaraçada e começou a desconversar que aquilo não era bem o que ela queria e que era um trabalho de equipa e não sei que mais. Theron, que é sul-africana, teve pena dela e interrompeu-a: “Just take the compliment, bitch!” Como quem diz: “Aceita o elogio e cala-te!”

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Jenny Beavan estava a vestir Charlize Theron para uma cena de Mad Max: Fury Road e a actriz deu-lhe os parabéns pela roupa que tinha feito. Beavan, que é inglesa, ficou embaraçada e começou a desconversar que aquilo não era bem o que ela queria e que era um trabalho de equipa e não sei que mais. Theron, que é sul-africana, teve pena dela e interrompeu-a: “Just take the compliment, bitch!” Como quem diz: “Aceita o elogio e cala-te!”

Beavan contou a história quando ganhou o Óscar para o melhor guarda-roupa. Mas a lição de Charlize Theron precisa de ser ensinada e aprendida todos os dias.

Existe no nosso tempo um problema de aceitação. Não é só um elogio que não somos capazes de aceitar. Também não aceitamos um favor. Fazer um favor é exercer a nossa humanidade. Mas também é preciso saber aceitar um favor que nos façam.

A mentalidade actual é contra os favores, como se um favor fosse uma dívida que pairasse sobre os nossos destinos para todo o sempre. Ou, na mais terrível das hipóteses, até retribuirmos esse favor.

Vivemos como se aceitar e retribuir um favor fizesse de nós membros da Cosa Nostra. Na verdade, é apenas uma troca fácil, conveniente e agradável. Não é uma dívida. As pessoas hoje se endividam por dá-cá-aquela-palha, aceitando juros horrendos, mas recusam-se a aceitar um simples favor de outra pessoa.

Até as ofertas são cada vez mais difíceis de fazer. As pessoas desconfiam delas. Pensarão que são favores disfarçados? Charlize Theron cada vez tem mais razão.