Presidente do Gil Vicente diz que a Liga "devia fechar"

António Fiúza, dirigente do clube de Barcelos, diz que os custos da Liga de Futebol são muito elevados: o presidente da Liga "ganha mais de 20 mil euros por mês".

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O líder do Gil Vicente afirma que a Liga, presidida por Pedro Proença, é um peso para o clubes. Ricardo Castelo/NFACTOS

O presidente do Gil Vicente, António Fiúza, afirmou em entrevista à TSF, esta terça-feira, que não vê razões para a existência de uma Liga com custos tão elevados, se servir apenas para “organizar os campeonatos profissionais”, sendo, por isso, necessário o seu encerramento. Ao longo da entrevista, Fiúza teceu ainda algumas considerações sobre o apoio da Caixa Geral de Depósitos aos grandes clubes.

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O presidente do Gil Vicente, António Fiúza, afirmou em entrevista à TSF, esta terça-feira, que não vê razões para a existência de uma Liga com custos tão elevados, se servir apenas para “organizar os campeonatos profissionais”, sendo, por isso, necessário o seu encerramento. Ao longo da entrevista, Fiúza teceu ainda algumas considerações sobre o apoio da Caixa Geral de Depósitos aos grandes clubes.

“Para mim a Liga, nos moldes em que está, devia fechar o mais rapidamente possível”, afirma Fiúza. Em causa, estão os custos demasiado elevados, que, na opinião do dirigente, podiam servir para apoiar “os pequenos e médios clubes, alguns deles, a lutar com bastante dificuldade”.

António Fiúza critica a gestão dos custos: “Sabe quanto ganha o presidente da Liga [Pedro Proença] com cartão de crédito, com carro, com todas as despesas? Mais de 20 mil euros por mês”, acrescentando que é um vencimento superior ao de “um Presidente da República”.

“A Federação [Portuguesa de Futebol] em Lisboa tem boas condições para haver lá um departamento para organizar os campeonatos profissionais” até agora, responsabilidade da Liga. Fiúza considera que, nos moldes em que se encontra, a Liga “é um peso pesado para os clubes” e que só serve para “engordar e pavonear alguns senhores que estão lá”. Acrescenta ainda que não é o único dirigente que pensa assim, apontando declarações recentes de Carlos Pereira, líder do Marítimo.

O dirigente do Gil Vicente deixa ainda algumas críticas à actuação da Caixa Geral de Depósitos, acusando o banco de apoiar apenas grandes clubes “com dinheiros públicos”. Falou dos pavilhões com o apoio do banco estatal, como é o caso do pavilhão Caixa Dragão, nas Antas, assim como centros de estágio como o Caixa Futebol Campus do Benfica. “Porque não o fazem com todos?”, atira, propondo, com ironia, um “campeonato a três ou a quatro".

"Os outros que se amanhem”, diz.

Fiúza refere o Euro 2004 como um dos eventos que mais beneficiou os clubes grandes em detrimento dos mais pequenos, falando que estes ficaram com “estádios novos, pavilhões novos, academias novas, acessibilidades novas”, mas que o mesmo não aconteceu com os clubes de menor dimensão: “O fosso alargou-se e ficou enorme”.

No Gil Vicente há 14 anos, o líder do clube afirma que não é um “dirigente camaleão” e que não irá perder “a coluna vertebral”. Considera injusta a descida de divisão do clube de Barcelos mas promete que, na próxima época, o Gil Vicente irá voltar à Primeira Liga. Conta ainda, à TSF, que vai criar uma SAD e vender 60% do capital do clube a uma empresa com capital inglês e chinês e outro investidor em negociação – mas adverte que o “Gil Vicente não está a venda por qualquer preço”.