José Eduardo Martins posiciona-se ao lado de Passos

No meio das críticas e das pressões, Pedro Passos Coelho tem algumas boas notícias, como ouvir vozes que normalmente lhe são críticas defendê-lo agora publicamente.

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José Eduardo Martins foi uma das poucas vozes críticas que se ouviram no último congresso do PSD Adriano Miranda

Há momentos para criticar e momentos para assumir a convergência de opiniões. José Eduardo Martins, crítico assumido de Pedro Passos Coelho, escolheu este momento em que o líder dos sociais-democratas está debaixo de fogo, para vir em sua defesa. “Enquanto eleitor do PSD, sinto-me muitíssimo representado na posição que o PSD tomou”, diz o ex-deputado ao PÚBLICO.

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Há momentos para criticar e momentos para assumir a convergência de opiniões. José Eduardo Martins, crítico assumido de Pedro Passos Coelho, escolheu este momento em que o líder dos sociais-democratas está debaixo de fogo, para vir em sua defesa. “Enquanto eleitor do PSD, sinto-me muitíssimo representado na posição que o PSD tomou”, diz o ex-deputado ao PÚBLICO.

“O dr. Pedro Passos Coelho tem toda a razão. Fez muito bem [em assumir-se contra a redução da TSU] e não podia fazer de outra maneira”, insiste José Eduardo Martins, para quem, “nem do ponto de vista objectivo, a medida do Governo é boa como foi desenhada”, porque não pretende contribuir para a “recuperação da competitividade da economia”, o que acontecia com a proposta que em tempos o executivo de Passos aprovou.

José Eduardo Martins assume que nos últimos dias tem “ficado chocado com a quantidade de pessoas que parece querer fazer sobrepor o valor da concertação social, que é muito importante, ao da democracia representativa”. E acusa António Costa de ter tido o “descaramento de colocar uma medida em cima da mesa à espera que outros a aprovem porque sim, não a negociando na sua maioria”. Quando Costa faz isso, “é habilidade”, insurge-se o advogado, mas quando “o presidente do PSD faz o que deve perante o seu eleitorado - que já agora não são empresas, são pessoas - isso é baixa política”.

Finalmente, José Eduardo Martins aponta aquela que considera ser a grande falha do Governo: ter tomado sozinho, sem falar com ninguém, uma decisão que não tinha condições para tomar. “Se o PS queria que o aumento do salário mínimo fosse negociado também com o PSD, devia ter falado com o PSD antes”, sublinha o social-democrata, lembrando a Costa que o Governo que ele lidera é minoritário.

“Do ponto de vista político não pode haver uma maioria que só é uma maioria para algumas coisas. Se o PS, o BE e o PCP dizem que têm uma maneira diferente de governar, que a ponham em prática em conjunto”, sugere.

Faltou falar com o PSD

Outros sociais-democratas assumiram a defesa de Passos Coelho nas redes sociais e até em colunas de opinião. Alguns deles insuspeitos, como Paulo Rangel. Num texto de hoje, no PÚBLICO, o ex-adversário de Passos nas eleições internas escreve que o acordo “tem de ser avaliado no contexto global da política do Governo e da sua coligação”.

Quer isto dizer, segundo Rangel, que sendo “a subida do salário mínimo” essencial, senão mesmo crítica, “para o cumprimento dos ‘mínimos olímpicos’ que vinculam e cimentam a coligação”, então “nenhum partido da oposição que esteja a combater as linhas fundamentais de actuação do Governo pode separar o acordo obtido da estratégia global do Governo”.

Para defender a posição de Passos Coelho, Rangel assume que o Governo deveria ter contactado o PSD e o CDS para “averiguar da sua disposição para suportar” a solução encontrada para a descida da TSU e subida do salário mínimo. “Eventualmente, e se disso fosse caso, recorrendo à intermediação do presidente do CES, dos próprios parceiros sociais ou até do sempre disponível Presidente da República”. “Fizeram-no?”, questiona Paulo Rangel. Não. Nem António Costa nem um seu ministro, directamente ou através de mediador. “Costa jogou (…) na política do facto consumado”.

Também José Pedro Aguiar Branco, ex-ministro do PSD, escreveu no Facebook que “não é legítimo nem respeitador da ética republicana, tendo perdido as eleições e sendo o PS o segundo maior partido no Parlamento, querer governar à custa do PSD”.