Trump ou Clinton: os actores mudam, o filme não

Com discursos mais ou menos inflamados, seja qual for o presidente, tudo se irá manter igual. Porque o problema não é o líder mas sim a estrutura

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Andrea Comas/Reuters

Na forma, os dois candidatos americanos parecem totalmente distintos, sendo uma vítima do felácio mais famoso da modernidade e a outra parecendo uma reencarnação milionária de John Wayne. Clinton é mais moderada e Trump é mais desbocado, por isso é natural que Clinton apele mais ao sector razoável da audiência do que Trump. Mas a verdade é que estamos a perder demasiado tempo com este assunto, primeiro porque nenhum de nós vota, sendo que ter mais votos nem sequer implica vencer (ver primeira eleição de George Bush Jr.) e depois porque a verdade é que a política é como o FCP era há alguns anos atrás: pouco importa quem está ao leme porque a estrutura é tão coesa e fechada que vai acontecer sempre a mesma coisa. E essa mesma coisa é basicamente os Estados Unidos, directa ou indirectamente, imiscuirem-se em todos os aspectos da vida do resto do mundo, pelo menos enquanto não esbarrarem com séria resistência.

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Na forma, os dois candidatos americanos parecem totalmente distintos, sendo uma vítima do felácio mais famoso da modernidade e a outra parecendo uma reencarnação milionária de John Wayne. Clinton é mais moderada e Trump é mais desbocado, por isso é natural que Clinton apele mais ao sector razoável da audiência do que Trump. Mas a verdade é que estamos a perder demasiado tempo com este assunto, primeiro porque nenhum de nós vota, sendo que ter mais votos nem sequer implica vencer (ver primeira eleição de George Bush Jr.) e depois porque a verdade é que a política é como o FCP era há alguns anos atrás: pouco importa quem está ao leme porque a estrutura é tão coesa e fechada que vai acontecer sempre a mesma coisa. E essa mesma coisa é basicamente os Estados Unidos, directa ou indirectamente, imiscuirem-se em todos os aspectos da vida do resto do mundo, pelo menos enquanto não esbarrarem com séria resistência.

Depois claro, há a questão de, além da opinião pública estar assente em desinformação arquitectada sobre polémica bimbas constantemente alimentadas pelos orgãos de informação, há ainda que considerar a ditadura do politicamente correcto. Na América, existe algo como que uma espécie de Afirmative Action eleitoral, em que da mesma forma que o facto de Obama ser negro contava, para uns porque não querem alguém de pele escura na casa branca e para outros porque preterir alguém de pele escura na casa branca por alguém de pele branca pode ser interpretado como racismo, também o facto de Clinton ser mulher, ainda por cima uma mulher traída publicamente, pesa. Sobretudo quando concorre contra o epítome do chauvinismo, como é Donald Trump.

No meio de tudo isto o que interessa é que, com mais ou menos "cóboiadas" à mistura, quem se senta na cadeira de Presidente perpetuará tudo o que os EUA têm vindo a fazer desde a Segunda Guerra Mundial. Não só, por mais crashes da bolsa que existam, não voltará a haver um New Deal, como os Estados Unidos continuarão a devorar tudo à sua passagem para zelar pelos seus interesses, domésticos e internacionais, sob a égide da segurança nacional, onde cabe tudo e mais um par de botas. Obama, tal como os antecessores praticamente ignorou o Acordo de Quioto, bombardeou países árabes, favoreceu a indústria do armamento e financeira, Guantano continuou e a política do Médio Orienta também não foi alterada. E claro, Israel continua a ser Israel e a aglutinação da Palestina prossegue. Com discursos mais ou menos inflamados, seja qual for o presidente, tudo se irá manter igual. Porque o problema não é o líder mas sim a estrutura. Que mudem os palhaços que não é por isso que o circo não continua.