Maha Vajiralongkorn, o indesejado

O sucessor do rei Bhumibol é conhecido, e não muito estimado, pelos tailandeses por causa de vários escândalos.

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Ninguém conhece muitas opiniões de Vajiralongkorn sobre o país, política ou a monarquia PORNCHAI KITTIWONGSAKUL/AFP

Não anunciar um sucessor, dizendo quem é: a junta militar que governa a Tailândia não quis fazer um anúncio formal, mas o chefe do Governo, general Prayuth Chan-ocha, acrescentou que o príncipe herdeiro Maha Vajiralongkorn está pronto para assumir os seus deveres após a morte do pai, o rei Bhumibol. No entanto, disse, este pediu tempo para fazer o luto junto com o resto do país. “Vamos esperar pela altura certa” para anunciar o sucessor, declarou o general.

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Não anunciar um sucessor, dizendo quem é: a junta militar que governa a Tailândia não quis fazer um anúncio formal, mas o chefe do Governo, general Prayuth Chan-ocha, acrescentou que o príncipe herdeiro Maha Vajiralongkorn está pronto para assumir os seus deveres após a morte do pai, o rei Bhumibol. No entanto, disse, este pediu tempo para fazer o luto junto com o resto do país. “Vamos esperar pela altura certa” para anunciar o sucessor, declarou o general.

Quando o país se prepara para vários dias de cerimónias fúnebres, e já foi anunciado um ano de luto, o chefe do Governo fez outras declarações de variados tons. Pediu aos tailandeses que se “tratem bem uns aos outros” (o país continua dividido entre elites e a classe mais pobre), que “estejam alerta em todas as regiões e todo o país para manter a segurança”, e ainda que não parem de investir, “seja na bolsa, comércio, investimento ou sector empresarial”.  

A entrada em cena de Maha Vajiralongkorn, 64 anos, é vista como problemática: o príncipe herdeiro, que passa a maior parte do tempo fora do país, especialmente na Alemanha, na zona de Munique, é muito pouco popular entre os tailandeses e visto com muita desconfiança pelas elites, incluindo pelos militares no poder, conseguindo assim despertar uma antipatia generalizada. Mesmo que já tenha sido apontado como o sucessor, o diário britânico The Guardian diz que a sua coroação formal pode demorar meses, ou até mesmo anos.

Vajiralongkorn nasceu, e foi educado, para ser rei, com passagem por uma academia militar na Austrália e uma série de títulos. Mas a sua imagem pública está longe de ser essa. Apesar do secretismo em torno do quotidiano do palácio, o estilo de vida extravagante do príncipe é amplamente conhecido.

O príncipe casou e divorciou-se três vezes: a primeira com uma prima da parte da mãe, depois com uma aspirante a actriz e finalmente com uma empregada do seu serviço pessoal. Todas estas uniões acabaram em divórcio, e o último, com a então princesa Srirasmi, foi especialmente escandaloso.

Primeiro, por um vídeo que apareceu de uma festa luxuosa em que Vajiralongkorn aparece ao lado de Srirasmi, que está semi-nua. Depois, pela separação: após o divórcio, os títulos reais foram retirados a Srirasmi e muitos dos seus familiares foram detidos por terem acumulado ilegalmente fortuna graças às suas ligações à casa real, diz o diário espanhol El País.

Outra das façanhas célebres do príncipe herdeiro foi a nomeação do seu cão de estimação, Foo Foo, como marechal da Força Aérea. Quando morreu, em Fevereiro do ano passado, o animal de estimação teve direito a cerimónias fúnebres de quatro dias, segundo os rituais budistas.

O conhecimento destes episódios da vida do príncipe contrasta com uma falta de ideia total sobre o país, a política ou a monarquia. O facto mais político da sua personalidade é a amizade com o antigo primeiro-ministro e empresário Thaksin Shinawatra, do clã que foi eleito e derrubado em 2006 e 2014.

Dos dois aspectos da personalidade de Vajiralongkorn que são mais conhecidos o que aparece mais nos jornais e nas conversas dos tailandeses é o do homem leviano que gosta de mulheres e festas. Mas o outro lado, o mais duro, que levou ao afastamento dos elementos da família da ex-mulher e purgas entre o seu círculo próximo, é o que preocupa observadores. O jornalista britânico Andrew McGregor Marshall comentou ao Guardian que “com uma junta incompetente no poder, a dar imunidade a um príncipe odiado e cada vez mais fora de controlo, a probabilidade de algum tipo de revolta parece muito grande”.