Juan Manuel Santos: O homem que fez a guerra para chegar à paz

O Presidente colombiano tornou-se num dos principais rostos do processo de paz com as FARC, do qual nunca desistiu.

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Andrea Comas / Reuters

Juan Manuel Santos, 65 anos, com origem numa família da alta sociedade de Bogotá, iniciou-se na política em 1991.

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Juan Manuel Santos, 65 anos, com origem numa família da alta sociedade de Bogotá, iniciou-se na política em 1991.

Começou por ser jornalista, tendo recebido o prémio Rei de Espanha pelas suas crónicas sobre a revolução sandinista na Nicarágua. Esse trabalho “marcou-nos profundamente”, chegou a dizer a propósito dessa investigação conduzida com o seu irmão Enrique, outro autor-chave do processo de paz iniciado oficialmente com as FARC em 2012, mas de forma secreta desde a subida ao poder de Santos, em 2010.

Antes de fazer a sua entrada no palácio presidencial Casa de Nariño, este político, que se define como de “centrista extremo”, já tinha perseguido a guerrilha, durante uma cruzada implacável levada a cabo enquanto era ministro da Defesa do seu antecessor de direita, Álvaro Uribe. O objectivo: enfraquecer as FARC para obrigá-las a negociar.

Desta forma, ele fez a guerra para alcançar a paz, observam os analistas. "Irei continuar a procurar a paz até ao último minuto do meu mandato porque esse é o caminho a seguir para deixar um país melhor às nossas crianças", dizia Santos, já depois de ser conhecido o resultado do referendo que ditou a derrota nas urnas do processo de paz.

Reportagem: Na Colômbia, só o perdão pode acabar com a paz

O Presidente afirmou sempre que não procurava uma recompensa pelo seu combate pela reconciliação da Colômbia, ferida por décadas de um confronto entre guerrilhas de extrema-esquerda, paramilitares de extrema-direita e as Forças Armadas, que fez mais de 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.

“Não procuro aplausos. Quero fazer o que está correcto”, dizia durante uma entrevista à AFP este homem descrito como muito racional e frequentemente criticado pela sua aparente frieza.

A atribuição do Nobel esta sexta-feira fornece-lhe um apoio pessoal de primeiro plano para que continue os seus esforços.

Admirador de Winston Churchill, Franklin D. Roosevelt e Nelson Mandela, leitor voraz e cinéfilo, Santos sempre disse que a sua força vinha da sua família, começada em 1988 com Maria Clemencia Rodríguez, a quem chama “Tutina”, mãe dos seus três filhos.