Marcelo Jeneci, a caminho do hotel 1 milhão de estrelas

Cantor e compositor paulista, que já esteve em Portugal a acompanhar músicos como Chico César ou Vanessa da Mata, vem agora actuar a solo. Esta sexta-feira em Lisboa, no Mercado da Ribeira (21h), este sábado na Madeira, na Estalagem da Ponta do Sol, e dia 29 no Porto (Casa da Música).

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É um dos músicos da nova geração musical paulista, entre vários surgidos na ribalta, como Tulipa Ruiz, Mariana Aydar, Céu, Tiê ou Iara Rennó. Começou a acompanhar outros músicos, ganhando experiência nos palcos, e lançou-se a solo com um primeiro disco em 2010. Nascido em 7 de Abril de 1982, na zona leste de São Paulo, Marcelo Jeneci deixou o seu nome gravado em canções que conheceram êxito noutras vozes. Já tocou várias vezes em Portugal como músico acompanhante, mas agora apresenta-se a solo, esta sexta-feira no espaço Time Out do Mercado da Ribeira, em Lisboa (21h), tocando ainda este sábado na Estalagem da Ponta do Sol, Madeira, no âmbito dos Concertos L, e dia 29 de Setembro na sala 2 da Casa da Música, no Porto (21h).

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É um dos músicos da nova geração musical paulista, entre vários surgidos na ribalta, como Tulipa Ruiz, Mariana Aydar, Céu, Tiê ou Iara Rennó. Começou a acompanhar outros músicos, ganhando experiência nos palcos, e lançou-se a solo com um primeiro disco em 2010. Nascido em 7 de Abril de 1982, na zona leste de São Paulo, Marcelo Jeneci deixou o seu nome gravado em canções que conheceram êxito noutras vozes. Já tocou várias vezes em Portugal como músico acompanhante, mas agora apresenta-se a solo, esta sexta-feira no espaço Time Out do Mercado da Ribeira, em Lisboa (21h), tocando ainda este sábado na Estalagem da Ponta do Sol, Madeira, no âmbito dos Concertos L, e dia 29 de Setembro na sala 2 da Casa da Música, no Porto (21h).

“O ter nascido numa família em que o pai é pernambucano e a mãe paulista já me trouxe o nordeste do Brasil na minha cultura musical e também me direccionou para tocar sanfona, acordeão.” Mas o acordeão é um instrumento caro, e quando ele precisou de um para entrar na banda do Chico César resolveu visitar o célebre e exímio sanfoneiro Dominguinhos (1941-2013), passou uma tarde com ele e, no final, ele deu-lhe um acordeão. E disse que não precisava de pagar. “Isso ajudou a abrir as portas.”

Nessa altura ele tinha 17 anos, mas iniciara-se na música bem mais cedo. “Comecei a viver profissionalmente da música aos 13 anos de idade. Tocava piano e teclados, fazia um trabalho ou outro acompanhando cantores da noite e também compondo trilhas sonoras para uma estação de telemensagens.” Mas foi a entrada na banda do cantor e compositor paraíbano Chico César que o lançou em definitivo no mundo da música. Aliás, Marcelo tocou com ele em Portugal (como sanfoneiro) em 2001, 2002 e 2003, voltando mais tarde com Vanessa da Mata (em 2005) ou José Miguel Wisnik (2010).

Esse foi o seu tempo como músico acompanhante, em diversos grupos. Enquanto isso ia compondo, e o que saía das suas mãos chegava às vozes de cantores como Vanessa da Mata, José Miguel Wisnik, Arnaldo Antunes ou Zélia Duncan. Já havia muito Marcelo Jeneci no ar (e na rádio) quando ele se decidiu a gravar o primeiro disco, a que chamou Feito para Acabar, lançado no final de 2010 e elogiado pela crítica. “Algumas músicas minhas já estavam ficando conhecidas nas vozes de outros artistas. A primeira que eu compus, melodia e letra (Amado), eu fiz com Vanessa da Mata e entrou na novela A Favorita, com grande alcance no Brasil. Isso foi-me encorajando e percebi que tocar estava a ficar pouco para mim. Foi o que me deu coragem para fazer o primeiro disco.”

Um voo mais ousado

O segundo não tardaria: De Graça, lançado em 2013 e nomeado no ano seguinte para o Grammy Latino de Melhor Álbum da Música Popular Brasileira. “São dois discos bem diferentes. Mas por trás das suas características específicas existe ali a mesma génese de canção, que busca ser simples sem ser simplório. É isto que a gente busca.” Mas de um disco para o outro, diz Marcelo, a sua vida mudou muito. “Entrei naquela fase dos 30 anos, passei pelo fim de um casamento… Então os dois são muito honestos, no sentido do que eu estava vivendo e que está ali bem retratado. Esteticamente, a minha vida começou a ter um voo mais ousado em tudo o que a minha mão alcançava”, diz Marcelo Jeneci. “No primeiro, eu dei maior foco a grandes extracções instrumentais, no segundo ensaiei um som um pouco mais progressivo e psicadélico, ainda assim com as canções amorosas ou falando de assuntos mais filosóficos como base do trabalho.”

A produção do primeiro disco ficou entregue a Kassin e a do segundo, gravado no Rio, além de Kassin, contou com Adriano Cintra, então ainda membro da banda Cansei de Ser Sexy, tendo a participação de músicos como mestre Marçal ou Eumir Deodato da cantora Laura Lavieri, com quem Marcelo começou iniciou uma parceria em 2007.

No Mercado da Ribeira e na Casa da Música ele apresenta-se em solo absoluto. “Esta tournée tem sido apresentada em teatros antigos, com muitas memórias, porque este show combina bem com esses lugares. É a primeira vez que tenho coragem de me colocar no palco sem um grande aparato de espectáculo. E a experiência de ter sido músico na banda de muitos artistas, durante muitos anos, me capacitou e me deu coragem para subir ao palco sozinho. E eu tenho gostado dessa total superexposição.” Marcelo, para lá de cantar, tocará piano de cauda nalgumas canções, sanfona noutras e também sintetizadores. Entre as canções que Marcelo cantará, estarão Felicidade, Pra sonhar, O Melhor da vida, A vida é bélica ou Quarto de dormir, com novos arranjos.

Um disco multi-estrelado

Ainda com o disco anterior em rodagem, Marcelo prepara já o terceiro. “Devo lançar o single agora no Outono português, a nossa Primavera, e estou com vontade de lançar as músicas dele aos poucos. Vou fazendo e gravando, para depois, em algum momento do ano que vem, lançar ele todo.” Título ainda não tem, mas tem uma ideia. “Um dia desses me encontrei com um activista indiano chamado Satish Kumar e me interessei pelo trabalho dele, que traz uma nova escola, uma escola para adultos, que é muito interessante. Nas suas deambulações pelo mundo, ele se deu conta que dormia muitas vezes, não num hotel de 5 estrelas mas no ‘hotel 1 milhão de estrelas’, que é dormir ao relento. Eu gostei muito dessa expressão, que é bem poética, e fui ao encontro dele para pedir permissão para criar uma canção com esse nome ou baptizar o meu novo disco.”