Governo do Zimbabwe quer levar veteranos dissidentes à justiça

Antigos militares que lutaram ao lado de Mugabe denunciaram incapacidade do regime para resolver os problemas do país.

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Um encontro em Abril que juntou Mugabe e a Associação de Veteranos de Guerra, que agora se opõe ao Presidente JEKESAI NJIKIZANA/AFP

O Governo do Zimbabwe vai lançar um inquérito sobre os veteranos de guerra que assinaram declarações “traidoras” contra o seu tradicional aliado, o Presidente Robert Mugabe, anunciou este sábado o executivo. Os responsáveis terão de responder em tribunal.

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O Governo do Zimbabwe vai lançar um inquérito sobre os veteranos de guerra que assinaram declarações “traidoras” contra o seu tradicional aliado, o Presidente Robert Mugabe, anunciou este sábado o executivo. Os responsáveis terão de responder em tribunal.

A associação que junta os combatentes que na década de 1970 participaram com Mugabe na guerra pela independência do país, e que desempenharam um papel por vezes violento para garantir a sua permanência no poder, redigiu um documento onde se demarca do ditador e acusa o Presidente de ter falhado na solução dos problemas do país. “Notamos, com preocupação, choque e consternação que há um endurecimento das tendências ditatoriais, personificado pelo Presidente e a sua corte, que lentamente devoraram os valores da luta pela libertação”, lê-se.

Responsabilizaram ainda a “liderança falida” pela crise económica, acusando directamente Mugabe de corrupção. “Esta podridão tem de ser sanada, e agora”. E avisaram que não irão apoiar a sua recandidatura em 2018.

Se a oposição política não perdeu tempo a felicitar esta declaração, o Governo por seu lado tentou descredibilizá-la. “O Governo rejeita este comunicado traidor, que trai a democracia constitucional do Zimbabwe com um desprezo absoluto”, reagiu o ministro dos Antigos Combatentes, Walter Tapfumaneyi, adiantando que um inquérito irá revelar a identidade precisa dos autores para que sejam levados à justiça.

O ministro apelou ainda a “todos os veteranos patriotas da luta pela libertação a permanecerem leais ao Presidente e ao partido [no poder, o Zanu-PF], de permanecerem disciplinados e desconfiarem dos mecanismos dos detractores do Zimbabwe”, cita a AFP.

O país atravessa uma grave crise económica desde os anos 2000, agravada este ano pela seca. Cerca de 90% da população apenas encontra trabalho no sector informal. As últimas semanas ficaram marcadas por uma série de manifestações e greves, as mais importantes dos últimos anos.