Parabéns e boa sorte: os cumprimentos retardados de Marcelo e Sócrates

O presidente da Câmara de Sabrosa convidou os dois para a inauguração do Espaço Miguel Torga. Mas só no fim da visita se cumprimentaram de forma breve.

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A troca de palavras foi rápida, de circunstância e já no fim da cerimónia de inaguração do Espaço Miguel Torga, em S. Martinho de Anta. "Parabéns", disse um. "Boa sorte", replicou o outro. Mas não pela ordem expectável. Foi o Presidente da República quem deu os parabéns ao ex-primeiro-ministro pelo seu contributo para a obra acabada de inaugurar. E foi José Sócrates que, agradecendo, desejou boa sorte a Marcelo Rebelo de Sousa.

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A troca de palavras foi rápida, de circunstância e já no fim da cerimónia de inaguração do Espaço Miguel Torga, em S. Martinho de Anta. "Parabéns", disse um. "Boa sorte", replicou o outro. Mas não pela ordem expectável. Foi o Presidente da República quem deu os parabéns ao ex-primeiro-ministro pelo seu contributo para a obra acabada de inaugurar. E foi José Sócrates que, agradecendo, desejou boa sorte a Marcelo Rebelo de Sousa.

Desde que tinha sido noticiada a possível presença do ex-primeiro-ministro na cerimónia que se esperava por aquele momento. Aliás, chegaram os dois praticamente ao mesmo tempo. Mas foi preciso esperar mais de uma hora pelo encontro, que só aconteceu quando Sócrates, já no fim dos dicursos em que o seu nome tinha sido mencionado, furou a multidão para apertar a mão a Marcelo.

"Decidi aceitar o convite muito simpático do presidente da câmara pelo simbolismo da inauguração deste espaço de homenagem a um poeta de Trás-os-Montes e um grande poeta português", disse Sócrates aos jornalistas, quando chegou. "Mas também porque é uma manifestação de reconhecimento a um Governo que eu liderei, de uma obra em benefício da região e que tem importância nacional”, acrescentou.

Apesar de estarem ambos na mesma sala, durante a visita nunca se proporcionou o encontro. Ou melhor, ninguém o proporcionou, nem mesmo o presidente da Câmara, José Marques, que ambos convidou.

Sócrates andou por ali, acompanhado de Paulo Campos e Luís Patrão, antigos companheiros do PS e do Governo. Aqui e ali era cumprimentado, acolá além alguém lhe pedia para ficar numa fotografia. Mas manteve uma presença discreta.

Já depois de Marcelo ter cumprimentado meio mundo e ouvido a actuação do grupo de cantares Mátria, que junta alunos do conservatório a vozes locais e que está a musicar a obra de Torga, vieram os discursos. E os elogios do socialista José Marques a José Sócrates, “cujo empenho foi fundamental para esta obra”. Na réplica, Marcelo disse ao autarca: “Fica-lhe bem ter gratidão em relação àqueles que, ao longo do tempo, foram decisivos para esta obra”.

Outra inauguração

Em meados de Maio, Sócrates marcou presença na inauguração de outra obra que lançou enquanto chefe de Governo, o Túnel do Marão. A cerimónia foi então presidida pelo actual primeiro-ministro, António Costa, mas em nenhum momento estiveram ao lado um do outro, evitando uma fotografia que poderia ser incómoda para Costa.

Instalado num edifício concebido pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura, o Espaço Miguel Torga já está aberto ao público e tem como objectivo desempenhar um papel de “multiculturalidade, arte e serviço educativo, no território e no país”.

Ao PÚBLICO, José Marques afirmou que a obra foi lançada em 2007/08 com o “impulso decisivo” do então primeiro-ministro, que depois esteve no local no lançamento da primeira pedra. A obra custou cerca de dois milhões de euros e está aberta há cerca de um ano, com a exposição permanente sobre a vida e obra do poeta. Mas só agora vai funcionar em pleno com as três valências previstas.

O autarca convidou o Presidente da República para a inauguração oficial pelo facto de Marcelo ter citado, no seu discurso de tomada de posse, excertos da obra de Miguel Torga para, homenageando-o, enaltecer e ilustrar as qualidades de Portugal e dos portugueses.