Depois das cinco, todos os caminhos vão dar ao Arco do Cego

Com cerveja a 50 cêntimos, o Arco do Cego tornou-se o "novo Bairro Alto" de Lisboa, queixam-se os moradores. Mas os jovens que frequentam o espaço destacam que o ambiente é descontraído e tranquilo e pedem mais espaços semelhantes na cidade.

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Os termómetros sobem até aos 23º graus e os ponteiros do relógio já passam das cinco e meia da tarde. No jardim do Arco do Cego, em Lisboa, já são várias dezenas de grupos de jovens que conversam, uns a aproveitar o sol, outros protegidos pela sombra. Preços acessíveis, conforto e descontracção. São estas as três qualidades que atraem, todos os dias, centenas de jovens ao jardim junto à avenida Duque d’Ávila. Espalhados pelo jardim, a maioria conversa com copo na mão, sentados e em pé. Mas também há quem leia, estude ou esteja simplesmente a ouvir música ou deitado na relva.

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Os termómetros sobem até aos 23º graus e os ponteiros do relógio já passam das cinco e meia da tarde. No jardim do Arco do Cego, em Lisboa, já são várias dezenas de grupos de jovens que conversam, uns a aproveitar o sol, outros protegidos pela sombra. Preços acessíveis, conforto e descontracção. São estas as três qualidades que atraem, todos os dias, centenas de jovens ao jardim junto à avenida Duque d’Ávila. Espalhados pelo jardim, a maioria conversa com copo na mão, sentados e em pé. Mas também há quem leia, estude ou esteja simplesmente a ouvir música ou deitado na relva.

A maioria são estudantes das universidades mais próximas, mas também há quem venha de Carnide só para estar neste jardim. É o caso do primeiro grupo que encontramos. Em quatro, apenas um estuda no Instituto Superior Técnico, que fica ali ao lado. Os restantes estudam na Universidade Europeia, em Carnide. Adriana Jesus, de 20 anos, confessa mesmo ter faltado a uma aula para passar uma tarde no jardim. André Dias e Xavier Santos, de 21 anos, contam que o pico de afluência acontece até às 21h. “Depois disso, as pessoas começam a dispersar”. Apesar de nunca terem visto incidentes com moradores, concordam em afirmar que o espaço precisa de mais caixotes do lixo pois notam que está menos limpo.

Mais do que um jardim, o espaço tornou-se um ponto de encontro, explicam. E funciona de tal forma assim que alguns dizem mesmo que nem sequer chega a ser necessário planear nada com os amigos, uma vez que o destino é, inevitavelmente, sempre o mesmo. “Não é preciso combinar nada, basta aparecer e acabamos todos por nos encontrar por aqui”, explica João Santos, um estudante de medicina, 21 anos.

“Existe uma dinâmica muito própria associada a este jardim”, conta Afonso Nunes, de 21 anos, e estudante de arquitectura do Instituto Superior Técnico. Mas o que tanto atrai neste espaço do Arco do Cego? A resposta resume a mesma justificação utilizada pela maioria: “É barato, perto e chill”.

Confrontados com as críticas enunciadas pelos moradores, os jovens sugerem que se criem mais espaços ao ar livre, com as mesmas condições, em vários pontos da cidade. Assim, acreditam, as pessoas dispersavam e o incómodo diminuiria. 

Eva Rodrigues, de 19 anos, vem quase todos os dias da semana, de segunda a sexta-feira. Com ela está Marcelo Santos, de 20 anos e David Marques, de 19. Sentados em roda, o grupo de amigos alterna conversa com uns amendoins comprados no supermercado junto ao jardim. Entre eles, há apenas um copo de cerveja. Marcelo diz que já frequentou mais o jardim, mas que o custo de 50 cêntimos por cada copo de cerveja nos cafés envolventes continua a ser uma atracção para o local.

Num outro grupo, do outro lado do jardim, Margarida Tavares, de 21 anos, estudante de enfermagem, conta que normalmente bebe, “no máximo”, cinco cervejas. Já os amigos que a acompanham consomem um pouco mais. Entre cinco a dez, complementam.