ISN diz que há nadadores-salvadores a mais, concessionários contestam

Em vésperas da abertura da época balnear, os concessionários de praia dizem que a segurança dos banhistas está em risco.

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Meios do Instituto de Socorros a Náufragos estiveram envolvidos nos dois resgates Pedro Cunha (arquivo)

O comandante do Instituto dos Socorros a Náufragos (ISN) diz que há mais 3000 nadadores-salvadores do que é necessário, mas os concessionários de praia queixam-se da falta de profissionais e dizem que a segurança está posta em causa.

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O comandante do Instituto dos Socorros a Náufragos (ISN) diz que há mais 3000 nadadores-salvadores do que é necessário, mas os concessionários de praia queixam-se da falta de profissionais e dizem que a segurança está posta em causa.

Em vésperas de arrancar a época balnear em grande parte das praias portuguesas, o comandante do ISN, Nuno Leitão, afirmou à agência Lusa que existem 7400 nadadores-salvadores certificados para o exercício da actividade, quando apenas são necessários 4100 profissionais para trabalhar nas 1250 unidades balneares. "Houve um decréscimo de formação e certificação em relação a anos anteriores, mas de há três anos para cá os quantitativos estão acima das necessidades reais", sustentou.

No entanto, o presidente dos concessionários de praia, João Correia, apontou como maiores dificuldades no sector "a falta de nadadores-salvadores". "Se a Marinha diz que há excesso de nadadores-salvadores, então que os coloquem nas praias. Porque o problema é que muitos vão para as piscinas e as praias acabam por ficar sem ninguém", explicou.

João Correia adiantou que as praias da Costa da Caparica, em Almada, são as que mais acusam a falta de profissionais e, no seu entender, a segurança dos banhistas está em risco. "Nós não formamos os nadadores-salvadores, não temos maneira de os garantir. A situação está gravíssima. A segurança está completamente posta em causa", afirmou.

Para o representante dos concessionários nacionais, a solução deveria passar pela obrigatoriedade de colocar os nadadores-salvadores a fazer um estágio em praias e só depois poderem escolher o local onde quisessem ficar a trabalhar. "Se houvesse uma obrigação de os nadadores-salvadores irem 15 dias ou um mês para as praias e depois passarem o resto do Verão onde quisessem, talvez a situação se resolvesse. Mas é a Marinha que tem de tratar disso. Esta situação entrou em ruptura, completamente, e os concessionários são o elo mais fraco desta cadeia", sustentou João Correia.

Confrontado com as queixas, o comandante do ISN sublinhou que a contratação de nadadores-salvadores é "da inteira responsabilidade e obrigação dos concessionários". "O problema aqui é que muitos concessionários têm outras prioridades e deixam para o fim a contratação de nadadores-salvadores. Depois, o que se passa é que todos já escolheram outros sítios para ficar e não há ninguém disponível para ali", explicou Nuno Leitão.

A contratação de profissionais, lembrou, depende também dos ordenados que cada concessionário oferece. "Temos praias no Norte que oferecem ordenados acima dos 800 euros, como também temos zonas do Alentejo e Algarve que pagam menos de 800 euros. A média é de 800 a 1000 euros, com direito a almoço", contou.

Nuno Leitão rejeitou que a segurança balnear esteja em risco e lembrou que a maior preocupação da Marinha são os 350 quilómetros de praias não vigiadas.

Formação no privado

A Marinha deixou de formar os aspirantes a nadadores-salvadores no continente, uma vez que "um novo paradigma" entrega essa responsabilidade a escolas privadas, onde tirar o curso pode variar entre 150 e 300 euros, indicou o comandante Nuno Leitão.

O comandante do Instituto dos Socorros a Náufragos (ISN) explicou à Lusa esta “é uma altura de mudança, devido a esta entrada do tecido empresarial privado formativo nesta área”. A Marinha apenas dá formação onde não há escolas privadas, esclareceu, como é o caso das regiões autónomas dos Açores e da Maneira

Sobre os preços dos cursos, o responsável sublinhou que "é mercado livre, a Marinha não se intromete”. “Existem várias escolas privadas a nível nacional. Têm uma oferta formativa que dá opção de escolha aos candidatos. As escolas podem levar aquilo que acham e o ISN não tem qualquer interferência no tecido empresarial privado formativo", sublinhou.

O processo de formação é igual ao de sempre: os candidatos realizam provas de aferição, depois são ou não admitidos e, no fim do curso, realizam um exame de aptidão técnica do ISN que lhes dá os certificados. Provas de natação de 100 metros, outras de 25 metros e apneia de 20 segundos são alguns exemplos das provas por que passam os candidatos.

O curso tem uma duração de 150 horas e pode ser dado em horário laboral, pós-laboral ou misto, consoante a disponibilidade dos candidatos e critérios da escola.

Os candidatos são maioritariamente do sexo masculino — apenas cerca de 15% são raparigas. Também a maioria são jovens, entre os 18 e os 25 anos, e estudantes. As zonas do país com mais candidatos são a Grande Lisboa, o Porto e o Algarve (Faro e Portimão).