Santa Maria: Fornos da Cal

São testemunhos de uma actividade que teve os seus tempos áureos no início do século XX e que agora desapareceu: a extracção de calcário (de depósitos de origem marinha que se formaram sobre campos de fósseis – e esta é uma característica geológica única nos Açores) e produção de cal. Já no século XVI Gaspar Fructuoso escreveu: “Na rocha dura, se tira pedra de que se faz muita cal na terra, a qual não há em nenhuma das outras ilhas dos Açores”.

Os fornos de cal estavam localizados “tradicionalmente mais próximo do mato do que da fonte de pedra”, nota Nelson Moura, “o que significa que era mais fácil fazer o frete da pedra do que da lenha”.

No Lugar da Azenha de Baixo (Espírito Santo) foi restaurado um desses fornos e arranjado o espaço circundante (com uma pequena quantidade de pedra amontoada, incluindo fossilizada, como a que era utilizada) que nos permite ter uma ideia do funcionamento deles.

Uma “chaminé” de pedra instalada num desnível: em baixo “um homem queimava a ponta do nariz” a alimentar o forno que atingia temperaturas de 1000, 1200 graus (a pedra do próprio forno derretia, como podemos observar do topo da “chaminé”).

Lá dentro, acumulavam-se as pedras de calcário, numa espécie de iglô, para cozer tudo. “Não é tapado para não fazer vapor”, explica Nelson, “e isso estragava logo a cal”.

Um dos locais mais emblemáticos desta produção é a gruta artificial do Figueiral (parte do Monumento Natural da Pedreira do Campo, do Figueiral e Prainha), onde há vestígios de fósseis marinhos nas paredes e tectos, resultado do afã de exploração do calcário – que era depois transformado em cal num forno nas redondezas.

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