Governo finaliza o regresso de metade da TAP às mãos do Estado

Transportadora chinesa Hainan terá uma participação indirecta que poderá chegar aos 20%.

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Um pouco menos de um ano depois de ter vendido os 61% que tinha na TAP, o Estado está de volta à empresa. Foi assinado neste sábado o acordo com o Governo para que 50% do capital da transportadora volte a ser estatal. As acções foram compradas ao mesmo preço a que tinham sido vendidas.

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Um pouco menos de um ano depois de ter vendido os 61% que tinha na TAP, o Estado está de volta à empresa. Foi assinado neste sábado o acordo com o Governo para que 50% do capital da transportadora volte a ser estatal. As acções foram compradas ao mesmo preço a que tinham sido vendidas.

Com este acordo, a gestão da TAP continuará em mãos privadas, com os três membros da comissão executiva a serem designados pela Atlantic Gateway, o consórcio que uniu o empresário brasileiro David Neelman (dono da companhia aérea Azul) e o português Humberto Pedrosa. Mas o presidente do conselho de administração, que tem voto de qualidade, será indicado pelo Estado. “As decisões estratégicas da empresa, todas elas, passarão pelo Estado”, resumiu o ministro do Planeamento, Pedro Marques, numa conferência de imprensa.  

Ao lado do ministro, Humberto Pedrosa frisou que a empresa continuará a ser de gestão privada e adiantou um efeito imediato da entrada do Estado no capital da empresa: uma maior facilidade de negociação junto dos bancos, a quem a TAP deve 600 milhões de euros. “A participação do Estado na companhia vai dar um conforto diferente à banca”, afirmou Pedrosa, acrescentando que assim será “muito mais fácil” uma reestruturação da dívida.

O consórcio Atlantic Gateway ficará com pelo menos 45% da empresa. Os restantes 5% poderão ser comprados pelos trabalhadores da companhia, numa oferta de venda que ainda não tem data definida. Pedro Marques antecipou “uma procura elevada”.

Na sequência da transacção agora acordada, a companhia aérea chinesa Hainan Airlines ficará com uma participação indirecta na TAP que poderá chegar aos 20%, esclareceu Humberto Pedrosa. Quando o negócio com o Estado estiver concluído, a Hainan deverá comprar uma participação minoritáriria na Atlantic Gateway. A isto soma-se uma participação na transportadora Azul, caso a Hainan opte por converter em acções as obrigações que tem actualmente.

O Estado, que se comprometeu a não aumentar a participação actual, vai também também comprar, até Junho, 30 milhões de euros das obrigações que foram emitidas pela TAP em Março, como parte do processo de recapitalização da empresa.