Ulrich diz que BCE fará com que BPI seja “expulso de Angola”

Presidente do BPI diz que houve a "aplicação acrítica de uma regra".

Foto
Rui Gaudêncio

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, lançou esta terça-feira críticas ao Banco Central Europeu (BCE) e à decisão de obrigar o banco a contabilizar a 100% a exposição a Angola. "A aplicação acrítica de uma regra, que não discuto, obriga e obrigará provavelmente a sermos expulsos de Angola". Isto, apesar de durante a manhã ter ouvido, no mesmo encontro, os representantes das autoridades europeias que intervieram a elogiar o papel dos portugueses nos Descobrimentos. E acrescenta que há duas semanas ouviu o governador do Banco Nacional de Angola defender, em Luanda, que o BFA, onde o BPI tem 51% do capital (o resto do da capital é da Unitel, controlada por Isabel dos Santos), é um caso de boa governação.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, lançou esta terça-feira críticas ao Banco Central Europeu (BCE) e à decisão de obrigar o banco a contabilizar a 100% a exposição a Angola. "A aplicação acrítica de uma regra, que não discuto, obriga e obrigará provavelmente a sermos expulsos de Angola". Isto, apesar de durante a manhã ter ouvido, no mesmo encontro, os representantes das autoridades europeias que intervieram a elogiar o papel dos portugueses nos Descobrimentos. E acrescenta que há duas semanas ouviu o governador do Banco Nacional de Angola defender, em Luanda, que o BFA, onde o BPI tem 51% do capital (o resto do da capital é da Unitel, controlada por Isabel dos Santos), é um caso de boa governação.

Perante tudo isto, Ulrich lamentou que o BPI não tenha recebido apoio, apontando para o anterior executivo, nem um elogio dos governantes portugueses, "nem uma condecoraçãozinha no 10 de Junho”.

O banqueiro foi o segundo a falar na ronda de perguntas e de respostas aos presidentes do BIG, do BPI, do Santander Totta, Novo Banco e do BCP, na conferência organizada pela Associação Portuguesa de Bancos, em articulação com a TVI, sobre "O presente e o futuro do sector bancário". A Caixa Geral de Depósitos não se fez representar por estar em fase de transição ao nível da presidência.

A primeira pergunta foi dirigida ao presidente do BIG, Carlos Rodrigues, sobre se o sistema financeiro" está do lado do problema ou da solução. E Carlos Rodrigues começou por lembrar que "desde 2001 que o BIG não necessita de fazer aumentos de capital” pelo que é “parte da solução". Explicou ainda que "o sistema teve os problemas que teve, que não diferem muito dos que a própria economia gerou", mas não esquece que houve erros de gestão e acções "discutíveis" por parte de alguns banqueiros. "Não é preciso olhar muitos anos para trás para ver que alguns dos "campeões nacionais” da economia nacional desaparecem.”

Carlos Rodrigues notou que hoje “há uma ideia de que todos" os outros intervenientes do sector "fizeram um trabalho magnifico", o que considera não ser verdade, pois "todos", "quem faz as leis", quem as aplica ou, como por exemplo, as agências de rating "foram parte do problema".  

Intervindo de seguida, Fernando Ulrich, que começou por clarificar que "ao contrário do meu amigo Carlos Rodrigues prefiro falar do que conheço e nunca gostei de ser parte do sistema" financeiro, termo que garante "abominar". O BPI, garante Ulrich, assume as suas "responsabilidades", já cometeu erros e já "fez coisas bem-feitas".

"Não me venham cá com conversas. Há os bancos bem geridos e os bancos mal geridos", os que cometeram irregularidades e os que não as cometeram. 

Por seu turno, o presidente Santander Totta, Vieira Monteiro, comentou a criação de um “banco mau” [uma solução defendida pelo governador Carlos Costa durante a manhã para receber os activos problemáticos], alegando que o banco que lidera não necessitará desse instrumento, pois, diz o banco sempre conseguiu “vender o crédito malparado”.  Mas salientou que continua sem perceber a solução (“banco mau”) e o seu impacto para os bancos sem problemas e para o erário público.  Evoca ainda que a Caixa Geral de Depósitos, onde trabalhou durante vários anos, cumpriu até determinada altura (2000) as suas funções e que a dada altura defendeu a sua privatização, posição que agora já não subscreve, nomeadamente neste enquadramento.