Youthless: "As bandas são como os romances"

O lançamento de “This Glorious No Age” está marcado para dia 7 de Março. A banda já tem concertos agendados para dia 11 e 12 no MusicBox, em Lisboa, e Maus Hábitos, no Porto

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“As bandas são como os romances". Também os Youthless terão começado por aí. "Ao início é tudo muito energético", confessou ao P3 Alex Klimovitsky. "Queríamos pôr as pessoas a mexer com a nossa energia de grupo”. Agora, na fase “This Glorious No Age”, álbum editado pela NOS Discos, o foco incide, sobretudo, nas composições, numa maior versatilidade melódica.

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“As bandas são como os romances". Também os Youthless terão começado por aí. "Ao início é tudo muito energético", confessou ao P3 Alex Klimovitsky. "Queríamos pôr as pessoas a mexer com a nossa energia de grupo”. Agora, na fase “This Glorious No Age”, álbum editado pela NOS Discos, o foco incide, sobretudo, nas composições, numa maior versatilidade melódica.

A banda já tem digressão marcada começando por Portugal nos dias 11 e 12 deste mês no Musicbox e Maus Hábitos, respectivamente.

Alex Klimovitsky e Sebastiano Ferranti conheceram-se em Lisboa, no Instituto Espanhol onde frequentavam a mesma aula. Surgiu posteriormente a banda. Apesar de serem provenientes de países diferentes (EUA e Inglaterra), Portugal acolheu-os e encantou-os.

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This Glorious No Age é o novo álbum dos Youthless DR

Os primeiros passos na música surgiram com a primeira banda que criaram intitulada Three and Quarter que, esclarece Alex ao P3, é uma coisa completamente diferente dos actuais Youthless. “Não penso nos Youthless como uma continuação dos TAAQ. OS TAAQ foi algo que começámos aos 15 anos. Na altura estávamos meio obcecados com a música jamaicana, era tudo o que ouvíamos. Estávamos mergulhados nesse estilo de música em particular. Depois voltei para os EUA, o Sebastiano para Inglaterra e os nossos gostos musicais começaram a abranger muitas coisas. Abrimos mais os nossos horizontes.”

Para uma produção resultar bem e se obter bons produtos finais tem de haver uma combinação de várias coisas, revela Alex. Para além do interesse estético, tem de haver uma predisposição para a aprendizagem que nos forneça novas visões do mundo. “Temos de sair da zona de conforto. Para escrever bem, tem de haver algum conflito. Tanto a nível da letra como da música, temos de puxar algo cá para fora.“

O que os move enquanto artistas? “Sobretudo, a vida. Quando se aprecia a vida mais do que os bens materiais e quando não se fica preso ao que podia ser, consegue aproveitar-se os momentos. Há tanta coisa linda para ver. A energia, as relações pessoais, tudo isso te enche de amor – depois queres canalizar isso e pôr nalgum lado.” expressa Alex.

Os esboços deste álbum começaram em 2011. Os anos que correram até à sua conclusão foram marcados tanto por mudanças na vida pessoal da banda como por razões logísticas e geográficas. Contudo, contaram com a ajuda de Justin Gerrish – produtor, mixer e engenheiro – que adorou o disco e se ofereceu para fazer a mistura por um preço muito acessível. “Foi um processo constituído por duas partes” diz Alex acerca da forma como foi o álbum concebido. Entre as ideias iniciais de Marshall McLuhan com a sua descoberta da electricidade e alguns ideais de Guy Debord acerca do capitalismo encontraram-se as primeiras letras para o álbum.

Mas, quando um improviso de aproximadamente 40 minutos lhes fornece a estrutura do álbum, apercebem-se de que as letras que tinham escrito antes e as que eram fruto do improviso se complementavam: aquelas letras eram uma transição do mundo antigo para o mundo novo – “tudo aquilo se tratava de uma história”, diz Alex – “quase como se fosse uma cronologia”. Acrescenta que a estrutura principal do álbum bem como a sua história conceptual fala da transição do material (do corpo) para o assembro (espirito): “Vejo-o como a ascensão do humano. O ser humano começa por ser algo físico e evolui para algo mais, algo que o transcende. É o ponto que cerne no álbum sendo isso que o torna muito pessoal… como se fosse uma janela.“

Gravado em estúdios caseiros e sótãos em Lisboa, o resultado do trabalho deles reflecte-se nas letras conceptuais e objectivas que, ao contrário da primeira EP que realizaram, se focam mais nesta viagem de McLuhan, do passado para o futuro, surgindo, posteriormente, coisas objectivas relacionadas com a vida pessoal: “As nossas vidas mudaram muito. Tive a minha lesão nas costas o que me fez voltar para os Estados Unidos e o Sebastiano também teve uma filha. Foi aqui que descobrimos que as coisas pessoais que queríamos falar se encaixavam. As coisas por coincidência coincidem, sabes?” conta, explicando que apesar de divergir do primeiro EP consegue simultaneamente convergir por ser algo conceptual e frio que acaba por ceder lugar também às coisas pessoais.

Questiona-se o nome do álbum que, por mero enquadramento no tempo e no espaço, coincide com uma das faixas produzidas. “Sinto que o nome reflecte o que sentimos nos momentos de muita tensão, há aquela sensação que nos deixa anestesiados. Hoje em dia as pessoas ficam obcecadas pelo passado e isso vê-se no vestuário, nas músicas, em tudo. Parece que não há caracter. Mas simultaneamente há muita obsessão com o futuro, é uma ansiedade constante. A internet, o digital, o tecnológico mudou tudo. Falta pensar em nós no presente, vivê-lo e criá-lo, a todos os níveis. Estamos presos ao passado e constantemente preocupados com o futuro. Daí esta gloriosa idade inexistente” explica o vocalista.