Manuel Damásio suspeito de mover influências a favor de Veiga

Empresário foi detido durante a manhã e interrogado durante várias horas pelo juiz Carlos Alexandre, tendo saído em liberdade.

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Manuel Damásio, hoje com 75 anos, foi presidente do Benfica entre 1994 e 1997 Miguel Silva (arquivo)

O empresário e ex-presidente do Benfica, Manuel Damásio, que foi detido esta quinta-feira de manhã pela Polícia Judiciária no âmbito do processo de corrupção no comércio internacional, que envolve o empresário José Veiga, saiu já depois das 22h do tribunal em liberdade após um interrogatório de várias horas.

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O empresário e ex-presidente do Benfica, Manuel Damásio, que foi detido esta quinta-feira de manhã pela Polícia Judiciária no âmbito do processo de corrupção no comércio internacional, que envolve o empresário José Veiga, saiu já depois das 22h do tribunal em liberdade após um interrogatório de várias horas.

O antigo presidente do Benfica foi apresentado ao início da tarde, no Tribunal Central de Instrução Criminal, tendo começado a ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre por volta das 15h. A Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um comunicado uns minutos antes das 23h, dando conta de que o antigo presidente do Benfica ficou proibido de contactar com arguidos, suspeitos e testemunhas.

"Na sequência da detenção efectuada no âmbito da designada operação Rota do Atlântico, Manuel Damásio foi, hoje, presente ao juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal. O juiz decidiu aplicar ao arguido as medidas de coacção de proibição de contactos com arguidos, suspeitos e testemunhas identificados no despacho que fixa as medidas de coacção e sujeição às obrigações decorrentes do termo de identidade e residência", informa a nota da PGR.

O arguido, continua a nota, está "indiciado por factos susceptíveis de integrarem os crimes de branqueamento e tráfico de influência".

Os investigadores acreditam que Manuel Damásio, de 75 anos, ajudou José Veiga a branquear dinheiro de governantes congoleses e terá movido influências junto de decisores públicos para conseguir negócios para o amigo. Manuel Damásio é descrito por fontes policiais como um intermediário que ajudaria Veiga. A troco de algumas vantagens, utilizaria os conhecimentos que possuía junto dos círculos do poder em benefício do antigo agente de jogadores, que se tornou nos últimos anos um empresário de sucesso no Congo.

Num comunicado emitido por volta da hora do almoço, a Polícia Judiciária anunciou a detenção de “um homem de 75 anos, empresário do sector imobiliário, pela prática dos crimes de branqueamento de capitais e tráfico de influências”, sem nunca referir o nome de Manuel Damásio.

O empresário José Veiga está detido preventivamente no âmbito deste caso desde meados de Fevereiro, enquanto o seu sócio Paulo Santana Lopes, irmão do ex-primeiro-ministro, está a aguardar o desenrolar da investigação em prisão domiciliária. Este último arguido poderá ser libertado, se vier a prestar validamente uma caução de um milhão de euros, o que ainda não ocorreu. A terceira detida, uma advogada com escritório em Cascais, foi libertada.

O inquérito, iniciado em finais de 2014, foca-se nos milhões de euros que os empresários José Veiga e Paulo Santana Lopes terão angariado em luvas pagas por empresas que queriam investir no Congo, uma antiga colónia francesa, onde ambos vivem. O dinheiro seria depois dividido com altos governantes locais.

Nas buscas realizadas no início de Fevereiro foram encontrados oito milhões em dinheiro vivo no cofre de uma casa, na Quinta da Marinha, em Cascais, que seria usada pelo empresário José Veiga. A habitação está em nome de uma off-shore que terá ligações ao empresário, que não possui bens de valor em seu nome em Portugal. Além do dinheiro, a operação Rota do Atlântico levou à apreensão de cinco carros de luxo: dois Porches, dois Mercedes e um Bentley.