Estupidez é sabedoria

Não há que ter medo de ser estúpido ou de passar por situações autenticamente absurdas no nosso dia-a-dia porque temos sempre a garantia de que todos passámos pelo mesmo

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A estupidez é sabedoria, é experiência de vida. Não há que ter medo de ser estúpido ou de passar por situações autenticamente absurdas no nosso dia-a-dia porque temos sempre a garantia de que todos passámos pelo mesmo.

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A estupidez é sabedoria, é experiência de vida. Não há que ter medo de ser estúpido ou de passar por situações autenticamente absurdas no nosso dia-a-dia porque temos sempre a garantia de que todos passámos pelo mesmo.

Que atire a primeira pedra quem nunca, às escuras, pensou que havia mais um degrau nas escadas e fez um movimento artístico com a perna. Quantos de nós não passámos variadíssimas vezes pela porta do talho só para sentir aquela espécie de corda a escorregar-nos pelos ombros? Que estupidez. Já para não falar de quando estávamos concentrados numa tarefa - fosse ela estudar, escrever ou até mesmo estar em frente ao computador focado em determinado tipo de compromisso- quando parávamos só para ver se a mosca acertava na saída do quarto. A janela aberta e ela a insistir em esbarrar contra os estores. É mais estúpida que nós.

Não podemos ter medo do ridículo. Mas também não podemos ser ridículos quando temos medo. Ninguém, sozinho em casa em criança, devia ligar as luzes e ir a correr aos berros até ao destino pretendido. Quer dizer, espera. Isso acontecia. Será? Se é para chegar sozinho a um sítio enquanto os amigos estão atrasados, porquê pegar no telemóvel e simular uma chamada só para não nos sentimos sozinhos? Porque não contemplar também a estupidez de quem já chegou? A estupidez está intrínseca, faz parte de nós, nasceu connosco e nunca nos vamos livrar dela. Mas porque não rir disso? Sermos capazes de submeter o nosso dia-a-dia ao olhar humorístico poderá ser a chave para muitas palavras, pensamentos, atitudes e estados de espírito.

Empurrar quando diz "puxe", esbarrar contra o vidro que foi bem limpo segundos antes, acenar a quem estava a olhar para a pessoa atrás de ti, sentar na cadeira velha que reproduziu o som cómico da flatulência e sentar de novo de forma a repeti-lo para que quem está ao lado não pensasse que se tratava mesmo de gases. Chegar a casa às 6 da manhã a entrar de costas para caso perguntassem respondermos que íamos ao pão, tropeçar a meio de uma dança e dizer que foi de propósito, olhar para o pulso sem ter relógio, acender o cigarro ao contrário. Não estamos sozinhos no mundo.