Belém assume que o caso das subvenções “prejudica muito” a sua candidatura

O caso entrou na campanha para ficar e candidata não esclarece se vai pedir a subvenção.

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Maria de Belém está debaixo de fogo. A candidata presidencial retomou esta quinta-feira as acções de campanha depois de uma pausa forçada pela morte de Almeida Santos e a polémica à volta das subvenções vitalícias dos políticos marcou o dia, com a candidata a assumir que o caso “prejudica muito” a sua candidatura. As sondagens reservam-lhe uma posição discreta que lhe tolhe qualquer hipótese de disputar uma segunda volta das presidenciais.

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Maria de Belém está debaixo de fogo. A candidata presidencial retomou esta quinta-feira as acções de campanha depois de uma pausa forçada pela morte de Almeida Santos e a polémica à volta das subvenções vitalícias dos políticos marcou o dia, com a candidata a assumir que o caso “prejudica muito” a sua candidatura. As sondagens reservam-lhe uma posição discreta que lhe tolhe qualquer hipótese de disputar uma segunda volta das presidenciais.

Ao longo do dia, o caso esteve sempre à tona da água. Primeiro no Fórum TSF, em que participou, mais tarde no almoço-comício com apoiantes e simpatizantes, que decorreu na Cervejaria da Trindade, em Lisboa, e que contou com a presença de deputados, vários ex-dirigentes e parlamentares do PS, afectos ao anterior secretário-geral, António José Seguro. Manuel Alegre e Jorge Coelho reapareceram nesta quinta-feira na campanha para dar uma ajuda à candidata. O secretário de Estado da Defesa, que é deputado e líder do PS da FAUL (Federação para a Área Urbana de Lisboa), Marcos Perestrello, também se associou à iniciativa.

Bombardeada com perguntas, a candidata não esclarece se vai requerer a subvenção vitalícia que o anterior Governo PSD/CDS-PP pretendeu fazer depender dos rendimentos do agregado do político, medida cuja fiscalização da constitucionalidade Maria de Belém pediu, juntamente com outros deputados do PS e do PSD. A candidata, contudo, sempre foi dizendo que não abdica de nenhum dos seus direitos. “Eu podia dizer, pura e simplesmente, que vou abdicar de tudo, que considero que isto é imoral, ilegal”, declarou à chegada ao almoço, afirmando que não aceita que o caso das subvenções se “transforme numa questão para cavalgar benefícios eleitorais”.

Sampaio da Nóvoa foi o alvo das suas críticas. Belém censurou aqueles que admitem “rasgar a Constituição” quando consideram “interessante ganhar votos a todo o custo”. As palavras do seu principal adversário na corrida à Presidência, que terça-feira, no final do último debate na RTP, disse que, se vier a ser eleito, vai retirar as subvenções vitalícias aos ex-presidentes da República, dos quais tem o apoio de alguns, estavam muito presentes no discurso da candidata e também no de Manuel Alegre. “Não aceito quem apresenta a sua candidatura dizendo que ‘o meu programa é a Constituição’ - repetindo aquilo que eu disse no princípio - e, mal chega o momento em que é interessante ganhar votos a todo o custo, cavalga aquilo que muitas vezes é ignorância, permite considerar adequado rasgar a Constituição”, criticou.Maria de Belém.

À entrada para o almoço, respondeu a muitas perguntas sobre a polémica das subvenções vitalícias e, num tom um pouco irritado, declarou: “Não aceito que se transforme esta questão num caso politico para cavalgar benefícios eleitorais”. E questionada sobre timing em que o caso entrou na campanha, Maria de Belém disse: “Não analiso, deixo isso aos eleitores. Foi oportuno, não foi?” Um outro jornalista reformulava a pergunta no sentido de perceber se a candidata considera que houve uma manobra para a prejudicar .“Eu não sou conspiradora, agora, há uma coisa que vos digo, demagogias e populismo comigo, não. Sabemos sempre como começam, mas não sabemos como acabam”.

Dois dias depois de Almeida Santos ter desaparecido, a candidata homenageou-o dizendo que foi “um lutador pela liberdade, uma figura ímpar do partido e um militante cumpridor”, alguém com quem apreendeu muito e que inspirou o seu percurso de vida. Os comensais aplaudiram.

"Campanha infame", diz Alegre
O discurso mais duro ficaria a cargo de Manuel Alegre. O histórico socialista insurgiu-se contra a "infame campanha populista" que está a ser feita contra a candidatura presidencial de Maria de Belém e não hesitou em dizer que os ataques que estão a ser feitos são "salazarentos". "Estou aqui hoje para dar a minha solidariedade à Maria de Belém contra uma infame campanha populista que ataca a sua candidatura e, atacando a sua candidatura, ataca os políticos, ataca a política e ataca a democracia", disse.

Alegre criticou Sampaio da Nóvoa por ameaçar tirar as subvenções vitalícias aos ex-presidentes. “É inacreditável que diga que vai acabar com as subvenções. É uma ofensa ao general Ramalho Eanes, ao doutor Mário Soares e ao nosso Jorge Sampaio”, declarou, afirmando: “Temos que saber distinguir o que são privilégios e o que é o estatuto do Presidente da República. Isto é uma ofensa àqueles [que Sampaio da Nóvoa] está sempre a nomear”.