Graffiters podem ter sido colhidos por comboio, quando fugiam de revisor da CP

“Enorme revolta” entre os artistas urbanos.

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nFactos/Fernando Veludo

Os três jovens graffiters que na noite de segunda-feira morreram no apeadeiro de Águas Santas, na Maia, poderão ter sido colhidos pelo comboio no momento em que fugiam e não quando estavam a pintar. A versão, que na quarta-feira já corria no meio dos artistas urbanos do Porto, foi reforçada por uma pessoa que em declarações à RTP disse ter visto o revisor da CP a despejar o conteúdo de um extintor sobre os rapazes, fazendo-os recuar.

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Os três jovens graffiters que na noite de segunda-feira morreram no apeadeiro de Águas Santas, na Maia, poderão ter sido colhidos pelo comboio no momento em que fugiam e não quando estavam a pintar. A versão, que na quarta-feira já corria no meio dos artistas urbanos do Porto, foi reforçada por uma pessoa que em declarações à RTP disse ter visto o revisor da CP a despejar o conteúdo de um extintor sobre os rapazes, fazendo-os recuar.

“No momento em que eles se afastam da espuma passa um comboio...”, relatou Miguel Bruno Toreia, identificado como passageiro da composição que se encontrava parada no momento do acidente.

A versão não é completamente contraditória com a primeira. Dizia-se, já, que um dos rapazes, como é hábito naquele tipo de desafios promovidos por graffiters, terá tentado barrar o fecho de uma das portas da composição.

O objectivo, nestes casos, é impedir que o comboio se ponha em movimento, dando tempo aos restantes elementos do grupo para pintarem.

Em declarações à RTP, Miguel Bruno Toreia confirma a presença de encapuzados, supostamente os graffiters, e que um deles, que tentou manter a porta aberta, não terá chegado a entrar na carruagem. Acrescenta que, quando se apercebeu do que os rapazes pretendiam fazer, “supostamente graffitar”, o revisor entrou dentro da cabine, “pegou no extintor a arremessou com a espuma para os jovens”. Os rapazes ainda terão respondido atirando pedras. “No momento em que eles se afastam da espuma passa um comboio...”, continua Miguel Bruno Toreia.

Esta foi a versão apresentada nesta quinta-feira por Rafi, arquitecta, writer e proprietária de uma loja do Porto de material para graffiters , que explicou o silêncio em que se têm fechado os artistas urbanos do Porto com a “enorme revolta” que sentem.

Em declarações ao PÚBLICO, Rafi defendeu que os funcionários da CP deviam receber formação para lidar com situações do género e que na segunda-feira deviam ter chamado a polícia.

“O que estes miúdos estavam a fazer é ilegal, mas não estavam a colocar em risco a vida de qualquer pessoa, só tinham latas de tinta e a irreverência própria da idade”, disse.

Também nesta quarta-feira, quando contactada pela Lusa, a CP lamentou "profundamente as consequências do trágico acidente", adiantando estar a "colaborar com as autoridades responsáveis pela investigação, no sentido do seu cabal esclarecimento, conforme acontece em todas as ocorrências que são transmitidas pela empresa às autoridades".

Afirmou ainda que, além disso, "procederá também às suas averiguações internas". E completou: "Conforme é sua prática, a CP estará sempre ao lado dos seus trabalhadores, no contexto da actuação que desenvolvem no cumprimento dos deveres que lhes estão atribuídos." Nesta quinta-feira, quando questionado pelo PÚBLICO sobre a nova versão dos acontecimentos, o gabinete de imprensa da CP reiterou, por escrito, as declarações feitas na véspera.

O acidente provocou três vítimas, um português e dois espanhóis. Mais dois elementos que fugiram do local foram entretanto identificados pelas autoridades, que adiantaram que também eles têm nacionalidade espanhola.