Numa carta ao Presidente angolano, activistas ameaçam fazer greve de fome colectiva

Dos 15 presos há quase seis meses, 14 assinam uma carta aberta na qual denunciam a morosidade do julgamento e as "interferências" da Presidência. Nas três primeiras semanas, foram ouvidos oito dos 17 activistas acusados de actos preparatórios contra o Presidente da República

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Até sexta-feira, apenas tinham sido ouvidos oito dos 17 acusados Herculano Corarado/Reuters

Entre os 15 activistas presos em Junho e acusados de actos preparatórios de rebelião em Angola, 14 escreveram uma carta aberta ao Presidente José Eduardo dos Santos, na qual pedem celeridade no julgamento que entra esta segunda-feira na quarta semana. Segundo a notícia avançada pelo site Rede Angola, os activistas consideram a hipótese de fazer uma greve de fome colectiva no caso de a fase de interrogatório não terminar esta semana.

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Entre os 15 activistas presos em Junho e acusados de actos preparatórios de rebelião em Angola, 14 escreveram uma carta aberta ao Presidente José Eduardo dos Santos, na qual pedem celeridade no julgamento que entra esta segunda-feira na quarta semana. Segundo a notícia avançada pelo site Rede Angola, os activistas consideram a hipótese de fazer uma greve de fome colectiva no caso de a fase de interrogatório não terminar esta semana.

Até sexta-feira, apenas tinham sido ouvidos oito dos 17 acusados – os 15 e as duas acusadas Rosa Conde e Laurinda Gouveia que não foram presas O julgamento dos 15+2 começou no dia 16 de Novembro.

Luaty Beirão está entre os 14 que afirmam ter pressa de ser condenados, mesmo sabendo que o seriam “injustamente”. O escritor e académico Domingos da Cruz não assina a carta. Nela, os subscritores denunciam as “interferências” do chefe de Estado num julgamento de “natureza teatral”.

“Temos testemunhado em primeira mão a sua interferência ao longo de todo o processo e particularmente agora, em plena sede de julgamento. Os seus homens disfarçam-se tão mal que se esquecem de remover da lapela dos fatos que envergam os timbres da presidência”, lê-se na carta publicada no site Rede Angola. 

Em anexo, os signatários da carta enviam uma lista das “irregularidades" a que dizem ter assistido "ao longo do julgamento”. Os activistas contestam, por exemplo, a ausência dos observadores internacionais que não foram autorizados a assistir ao julgamento, a colocação na sala de três câmaras que os activistas afirmam estar a transmitir as sessões do julgamento para uma sala com elementos da Presidência. Também denunciam as intervenções de elementos da Presidência e os “recados” e sms que o juiz recebe durante as sessões. 

Contestam ainda, entre outras, a falta de acesso ao processo por parte da defesa antes do início do mesmo, não permitindo a fase de questões prévias associadas ao mesmo.