E que mal há em dizer isto?

Ganhou fama nas redes sociais e a sua influência chega a todos os cantos do mundo. Suspeita-se de que Mizanur Rahman seja um dos grandes recrutadores do Estado Islâmico.

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Mizanur Rahman está sentado num café de Palmers Green. Debaixo da sua longa túnica preta, tipicamente muçulmana, está escondida uma pulseira electrónica. As autoridades britânicas suspeitam de que ele seja um dos recrutadores do autoproclamado Estado Islâmico, por isso vigiam de perto todos os seus movimentos e confiscaram-lhe o passaporte.

Está proibido de se encontrar com mais de duas pessoas ao mesmo tempo, e todas as noites tem recolher obrigatório para a sua casa no norte de Londres, onde é obrigado a pernoitar. E, o que é mais difícil para Rahman, está proibido de tocar em qualquer aparelho com ligação à Internet.

Rahman é conhecido pelos discursos longos e fervorosos de exortação ao Estado Islâmico, que publica na Net. Apoia declaradamente um califado global, uma pátria governada pela sharia (a lei islâmica), que segundo ele é um sistema económico, jurídico e político superior à democracia. Pretende que o Reino Unido adopte a sharia e diz que um dia a bandeira preta do EI esvoaçará na Casa Branca.

Enquanto bebe uma chávena de chá Earl Grey com leite, comenta que provavelmente os islamistas irão conquistar Washington pela força militar, mas garante que isto não significa que ele defenda a violência. Ainda assim, argumenta, o conceito de espalhar o islão pela força não é menos nobre do que os países ocidentais invadirem o Iraque e o Afeganistão para espalharem a democracia.

Numa conversa telefónica, na semana passada, Rahman comentava que os atentados do EI em Paris, a 13 de Novembro [que fizeram 130 mortos], foram “uma consequência inevitável” da participação francesa nos ataques aéreos da coligação contra Raqqa, a cidade síria declarada capital pelos islamistas. “Acho que ninguém pode ficar realmente surpreendido com aquilo que aconteceu”, diz. “Na guerra, as pessoas bombardeiam-se umas às outras. Acho que esta é uma oportunidade para os franceses sentirem empatia com as pessoas de Raqqa, que sofrem um impacto bastante parecido sempre que os ataques franceses as atingem — as vítimas civis, o choque, o stress. A raiva que devem estar a sentir neste momento contra o Estado Islâmico é o mesmo tipo de raiva que as pessoas da Síria e do Iraque sentem em relação a França.”

Rahman não tem uma presença impositiva. Ligeiramente encorpado, um metro e 65 de altura, uma barba negra rala. É calmo, articulado e charmoso — mesmo que argumente que decapitar jornalistas americanos, como faz o Estado Islâmico, não é pior do que os Estados Unidos matarem muçulmanos civis em ataques de drones.

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Mizanur Rahman diz que os atentados em Paris foram “uma consequência inevitável” da participação francesa nos ataques aéreos da coligação contra Raqqa KENZO TRIBOUILLARD/AFP

“Eu promovo a sharia porque acho que é o melhor [sistema]”, comenta o antigo contabilista e web designer durante a entrevista no café londrino. “Acho que é melhor do que aquilo que temos. E que mal há em dizer isto?”

Muito, dizem as autoridades em Londres e Washington, que acreditam que este homem de 32 anos é uma figura central do círculo mundial de pregadores, professores e verdadeiros crentes, cuja eficaz propaganda online é fundamental para o poder de atracção do Estado Islâmico.

Dizem que os seus milhares de tweets e posts no Facebook e as leituras inflamadas no YouTube pretendem inspirar jovens vulneráveis — de Londres, a Chicago, até Nova Deli — a juntar-se ao grupo que decapita, crucifixa, queima e afoga inimigos em nome de Deus.

Num sermão no ano passado, publicado no seu canal no YouTube, Rahman manifestou-se contra os EUA e exortou os muçulmanos a “acordarem e unirem-se pelo califado!” Mas sem nunca dizer explicitamente a ninguém para cometer actos violentos. “Parem de jogar e de ficar à margem, simplesmente a olhar: ‘Oh, os americanos estão a matar os nossos irmãos [no califado]. O que é que eles vão fazer?’”, lançou num tom de voz crescente. “Façam alguma coisa em relação a isso!”

Em Agosto, o Reino Unido acusou-o de “instigar ao apoio” ao Estado Islâmico, e se for condenado enfrenta uma pena que pode ir até dez anos de prisão. Agora está a aguardar o julgamento em liberdade, com uma caução e duras restrições, incluindo a pulseira electrónica.

Os governos ocidentais dizem que confrontar os responsáveis da propaganda é vital para combater o recrutamento e, consequentemente, derrotar o Daesh. Por isso a pressão sobre Rahman e outros proselitistas tem aumentado.

“Ele é perigoso porque cria as condições para que a ideologia extremista seja vista como normal”, comenta Peter Fahy, um polícia de Manchester que recentemente passou à reforma e que tem ajudado a polícia britânica a tentar conter a radicalização. “Ele é o início da rampa de lançamento no percurso para o extremismo.”

Um alto responsável da agência americana de combate ao terrorismo, que pede para não ser identificado de forma a poder falar sobre questões altamente sensíveis dos serviços secretos, descreve Rahman como alguém que exerce uma “influência significativa” e que faz parte de uma rede mundial de promotores do EI.

No café, Rahman afirma que as acusações contra ele são ridículas e antimuçulmanas. Diz que não fez nada a não ser pregar as virtudes do islão e que nunca recrutou ninguém para se juntar especificamente ao Estado Islâmico, nem apelou a ninguém para cometer actos violentos.

“Eu não faço recrutamentos para o ISIS. Não faço parte deles”, afirma Rahman, que nasceu em Londres e tem uma pronúncia britânica perfeita. “Isto é uma caça às bruxas. Se temos uma ideologia diferente de como o governo ou o país devem ser geridos, eles atacam-nos e rotulam-nos terroristas.”

O caso de Rahman ilustra bem os desafios que os países que defendem a liberdade de expressão enfrentam na sua tentativa de levar a tribunal os defensores do EI. Como impedir que se ultrapasse a linha cinzenta que separa a liberdade de expressão do incitamento à violência?

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Mizanur Rahman, no mês passado, perto do escritório do seu advogado em Londres Shannon Jensen/Washington Post

“Ele leva-os à beira do abismo e depois são eles que têm de decidir se dão o passo em frente — e as autoridades têm uma extrema dificuldade em lidar com isso”, diz Peter Neumann, presidente do Centro Internacional para o Estudo do Radicalismo do King’s College, em Londres.

Segundo Neumann, Rahman é um dos poucos “faróis” das redes sociais, servindo de guia para as pessoas vulneráveis que procuraram respostas. Adianta que Rahman é habilidoso na persuasão de muçulmanos de que é seu dever religioso jurar obediência ao líder do Estado Islâmico, argumentando que Deus quer o mundo reunido sob um califado — sem sequer apelar abertamente a que eles se mudem para a Síria ou o Iraque [onde o EI domina um território superior à área do Reino Unido]. “Se tivermos em conta tudo o que ele diz, é óbvio que está a defender que se vá para lá, mas ele não diz ‘Vão para lá’”, adianta Neumann.

Rahman nem sempre conseguiu manter-se no lado certo da lei. Passou dois anos na prisão, entre 2006 e 2008, por ter feito um discurso condenando a publicação de cartoons do profeta Maomé por parte de um jornal dinamarquês. Numa manifestação, afirmou desejar que os soldados britânicos no Iraque “voltassem para casa em sacos” e que queria “ver o seu sangue a correr pelas ruas de Bagdad”.

Afirma que mantém o que disse, mas admite que as declarações foram proferidas num momento “tenso” em que muçulmanos de todo o mundo se sentiam atacados pelos cartoons e a guerra no Iraque. Adianta que pedir a Deus que os soldados britânicos fossem mortos no que considerava uma guerra injusta contra o islão foi incendiário, mas que não incitou os rebeldes de Bagdad à violência. “Não acho que eles fossem orientar as suas políticas com base no que dizia um miúdo de 22 anos que ninguém conhecia, durante um comício em Londres”, declara.

Mas, para frustração das autoridades britânicas, Rahman tornou-se uma estrela das redes sociais desde que foi para a prisão. E tem sido mais cuidadoso em relação à lei quando lança a sua verborreia de apoio ao califado.

Quando lhe perguntamos se gosta de “brincar” com a linha que separa o discurso legal do ilícito, Rahman sorri e responde: “Isso é uma boa caracterização daquilo que eu realmente faço.” “Tendo a conhecer a lei melhor do que a polícia”, adianta.

O príncipe herdeiro

A polícia acusa-o de radicalizar jovens muçulmanos, sendo ele profundamente influenciado por um pregador mais velho.

Rahman nasceu em Londres em Junho de 1983, filho de pais que emigraram do Bangladesh. Cresceu a jogar basquete, a ouvir música pop e a divertir-se com videojogos. A família era muçulmana mas não muito religiosa, e ele frequentou escolas protestantes da zona, geridas pela Igreja Inglesa. Quando se tornou adolescente, o pai, engenheiro, começou a pressioná-lo sobre o que ele queria fazer da sua vida. Disse-lhe para estudar Medicina, como o irmão, ou Direito — nenhum dos cursos o atraía. Sentiu-se desnorteado, até que um dia, em Janeiro de 2001, aos 17 anos, conheceu Omar Bakri Mohammed.

Bakri, nascido na Síria, tornar-se-ia depois um dos pregadores islamistas mais famosos de Londres; em 2004, garantiu que os muçulmanos dariam ao Ocidente “um 11 de Setembro a cada dia que passa”. Foi a força motriz por trás de dois grupos que acabariam por ser proibidos pelo Governo britânico: o Hizb ut-Tahrir e o al-Muhajiroun. Está preso no Líbano, onde procurou exílio depois de lhe ter sido recusada entrada no Reino Unido em 2005, por se considerar que a sua presença “não conduzia ao bem público”.

Quando Rahman ouviu pela primeira vez Bakri pregar numa mesquita perto da sua casa de infância em Palmers Green, sentiu-se inspirado. “Descobri todo um mundo de islão. Vi quão vasto era, quão incrível era”, diz Rahman. “Apercebi-me de que desperdicei toda a minha vida a aprender coisas que eram inúteis para mim, a fazer desenhos em [disciplinas de] Arte. É preciso dizer uma coisa sobre a arte. Ainda gosto, mas não é isso que é importante na vida. Não responde ao sentido da vida.”

Anulou os seus planos de ir para a universidade e em vez disso começou um curso intensivo de cinco anos com Bakri. Diz que isso lhe deu um conhecimento profundo e agora considera-se um especialista em teologia islâmica e na sharia.

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Sheikh Omar Bakri Mohammed fotografado em Londres em Julho de 2005, depois dos atentados na capital britânica TOBY MELVILLE/Reuters

“O islão é muito mais do que um livro com uma história antiga. É na verdade um código para a vida”, defende, acrescentando que o islão contém as instruções para tudo, desde a higiene pessoal às relações internacionais. “Não são apenas longos discursos medievais.”

Afirma que o pai ficou preocupado quando ele começou a falar em espaços públicos com o seu novo fervor e roupas conservadoras, e prevendo que “o Governo não iria gostar”. Rapidamente se comprovou que estava certo.

A primeira detenção foi em Fevereiro de 2002, quando foi multado em 50 libras (64 euros) por arrancar um póster de uma banda pop que tinha a imagem de mulheres com pouca roupa, o que ele considerava uma indecência. Na Primavera de 2005, durante as eleições legislativas, foi novamente multado por colocar cartazes a dizer “Muçulmanos não votem” na sede do Partido Trabalhista. Na sua opinião, os muçulmanos não deveriam aceitar nenhuma lei redigida pelo homem ou participar em nenhuma forma de governo que não seja regido pela sharia.

Quando em 2006 foi condenado à prisão, depois da publicação dos cartoons dinamarqueses, já se tinha tornado uma inspiração para outros muçulmanos radicalizados. Um jovem nigeriano convertido ao islão, Michael Adebolajo, foi preso por ter atacado dois polícias à porta da sala de audiências de Old Bailey, onde decorria o julgamento de Rahman. Em 2013, Adebolajo e outro homem mataram o soldado britânico Lee Rigby, quase o decapitando numa rua de Londres.

“A coisa mais importante que aprendi na prisão foi a ser paciente”, diz Rahman. “A paciência é muito subvalorizada. Aprendemos a lidar com as coisas, a resistir.”

Os analistas apontam para uma mudança geracional entre os pregadores mais radicais da capital britânica, que nos últimos anos se tornou um dos principais centros de proselitismo islâmico em língua inglesa.

Neumann adianta que o herdeiro de Bakri é Anjem Choudary, que também estudou com ele durante vários anos, e que tem sido um amigo próximo e mentor de Rahman. Mas agora que Choudary está quase com 50 anos, diz Neumann e outros analistas, a tocha irá passar para Rahman. Consideram que ele representa a nova geração de discípulos com conhecimentos em tecnologia, imersos nas redes sociais e na cultura da juventude, levando a mensagem de Bakri e usando ferramentas modernas para inspirar os jovens. “Ele é o príncipe herdeiro”, diz Neumann.

O seu alcance é global: uma mulher indiana, Afsha Jabeen, que está a ser investigada por promover o Estado Islâmico, disse às autoridades indianas que seguia os discursos e textos de Rahman, segundo notícias publicadas na Índia.

Depois de o Daesh ter declarado o califado, em Junho de 2014, Rahman usou os seus sermões online para saudar os que “derramaram o seu sangue” e “lutaram a jihad” para criar o primeiro califado desde que o califado otomano foi abolido, em 1924. “Há 90 anos que as pessoas esperavam um califado”, comentou num discurso a 2 de Julho de 2014, publicado no YouTube. “Algumas pessoas estiveram à espera e algumas pessoas estiveram a trabalhar pelo califado. Esta é a diferença entre aquele que esteve sentado à espera na mesquita, rezando e esperando que ele caísse do céu, e aqueles que se têm sacrificado e derramado o seu próprio sangue, a sua saúde, e que vão para a prisão, viajam para os territórios, combatem a jihad, trabalham para estabelecer o califado na Terra!”

Rahman diz que também ele adoraria levar a família para o califado, mas queixa-se de que as autoridades britânicas lhe tiraram o passaporte.

“Falo como um dever a Deus”

Numa quinta-feira, a 7 de Agosto de 2014, Rahman estava ao computador publicando a sua torrente habitual de tweets e posts no Facebook. Criticou os EUA, twitando “As pessoas têm visto demasiados filmes de Hollywood e acham que os EUA são imbatíveis”. Depois, chegou-lhe uma mensagem de @lionofthed3s3rt, a conta no Twitter de Mohammed Hamzah Khan, um adolescente americano de um subúrbio de Chicago.

Khan, de 19 anos, estava a pensar ir para a Síria com a irmã e o irmão mais novos para se juntar aos combatentes radicais. Mas primeiro queria fazer umas perguntas a Rahman sobre o autoproclamado Estado Islâmico. Usando uma mistura de árabe e inglês, Khan perguntou se era suficiente pregar sobre o califado a muçulmanos que não estavam disponíveis para se juntarem: “o q dizes [às] pss q defendem [que pregar] é mais importante agora?” A resposta de Rahman foi imediata e directa, e nos 40 minutos seguintes enviou oito tweets ao adolescente, dizendo-lhe que era seu “dever” como muçulmano “aceitar” e “obedecer” ao “califa” — o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi. “É [preciso] declarar e prestar [um juramento de obediência] imediatamente.”

Os seus tweets davam a justificação religiosa para a obrigação de obediência ao califa. Mas nenhum deles dizia especificamente a Khan que devia ir para a Síria. E acrescentava que jurar obediência era uma questão de “cada um, de acordo com as suas próprias capacidades”.

Menos de dois meses depois, Khan e os irmãos mais novos, de 17 e 16 anos, foram detidos no Aeroporto Internacional de O’Hare a caminho da Síria. No mês passado, Khan deu-se como culpado de dar apoio material a uma organização terrorista e enfrenta uma pena de 15 anos de prisão.

Charlie Winter, investigador da Quilliam Foundation, diz que os tweets se encaixam perfeitamente no padrão de Rahman. “Ele está a dar a justificação ideológica para a adesão a um grupo como este”, afirma Winter. “Faz a pessoa com quem está a falar sentir-se muito especial porque ele é muito conhecido. O acesso a líderes importantes do EI faz com que a sua estratégia de alcance seja muito mais eficiente.”

No café de Londres, quando lhe mostramos uma cópia da sua troca de tweets com Khan, Rahman diz lembrar-se dele. Faz notar que em parte alguma diz a Khan para ir para a Síria. Perguntamos-lhe o que sente por, dois meses depois de ter dito a Khan para prestar obediência a Baghdadi, o jovem americano tenha tentado chegar à Síria. “Fico indiferente”, responde. “Não estou a responder a perguntas para tentar ou inspirar as pessoas nem nada desse tipo. Falo por dever islâmico. Falo por dever a Deus.” Diz que não se sente culpado pela detenção de Khan. “Não tenho nada que me sentir culpado”, afirma. “Fizeram-me uma pergunta, eu respondi a uma pergunta. Se isso te inspira a ir viver para lá, é contigo.”

Rahman foi preso em Setembro de 2014 acusado de “incitar ao terrorismo” e de pertencer a um grupo proibido; diz que nunca o informaram de que grupo se trata. Foi detido juntamente com Choudary e com o seu amigo de infância, Siddhartha Dhar, também conhecido como Abu Rumayasah. Pouco tempo depois, Dhar saiu sob caução e deixou secretamente o país juntamente com a mulher e os filhos pequenos. Em Novembro de 2014, postou no Twitter uma fotografia dele na Síria, com o filho recém-nascido num braço e uma espingarda no outro.

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Mizanur Rahman rezando em Londres, no mês passado Shannon Jensen/Washington Post

Rahman apresentou Dhar a Bakri e encorajou a sua conversão ao islão. Agora, Dhar é um importante porta-voz na Internet e propagandista do Estado Islâmico, e o seu velho amigo saúda-o através do Twitter.

Há dois meses, as autoridades britânicas voltaram a deter Rahman e Choudary e juntaram novas acusações de “incitamento ao apoio” ao Estado Islâmico através de sermões divulgados na Internet. Depois de um mês na prisão, Rahman pagou uma caução e aguarda o julgamento em liberdade. Diz que chegou a ter um pequeno negócio em que ajudava as pessoas em contabilidade e web design, mas que a sua fama torna impossível angariar clientes. Ele e a mulher, e os seus três filhos, voltaram a viver com a mãe, na pequena casa onde ele cresceu.

O Governo do primeiro-ministro David Cameron anunciou recentemente um novo combate ao extremismo e aos que radicalizam fiéis. O executivo tem sido louvado por muitos, mas também criticado por privilegiar a segurança em nome da liberdade de expressão e das liberdades pessoais há muito consagradas.

“Vemos a frustração nos olhos deles: ‘Estes tipos não violam a lei, por isso como é que conseguimos travá-los?”, lança Rahman. “Acho que houve muita pressão para se dizer ‘Ouçam, temos de acusar estes tipos de alguma coisa’.”

Doug Weeks, investigador convidado da London Metropolitan University, que entrevistou exaustivamente Rahman e Choudary, é da opinião de que a acusação será o “grande teste” numa altura em que o Reino Unido tenta equilibrar segurança e liberdade de expressão: “Este julgamento pode ser um momento definidor da lei britânica.”

 Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

Com Adam Goldman, em Washington, e Karla Adam, em Londres