Uma tira de fita-cola na boca para mostrar que “ser deficiente não é um insulto”

Campanha de sensibilização lançada nesta segunda-feira alerta para o facto de expressões como “deficiente mental” ou “atrasadinho” contribuírem para a exclusão social de pessoas com deficiências.

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O Instagram não tem qualquer fonte de receita Justin Sullivan/Getty Images/AFP

A associação BIPP (Banco de Informação de Pais para Pais) – Inclusão para a Deficiência lançou esta segunda-feira uma campanha de sensibilização nas redes sociais que condena o uso de expressões como “deficiente mental” ou “atrasado mental” como insulto ou para censurar determinados comportamentos humanos. Chama-se “Ser deficiente não é um insulto” e a ideia é mostrar que termos como estes acabam por promover comportamentos de exclusão social dos cidadãos com deficiência.

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A associação BIPP (Banco de Informação de Pais para Pais) – Inclusão para a Deficiência lançou esta segunda-feira uma campanha de sensibilização nas redes sociais que condena o uso de expressões como “deficiente mental” ou “atrasado mental” como insulto ou para censurar determinados comportamentos humanos. Chama-se “Ser deficiente não é um insulto” e a ideia é mostrar que termos como estes acabam por promover comportamentos de exclusão social dos cidadãos com deficiência.

 “As pessoas utilizam frequentemente estas expressões com uma conotação negativa, de forma corriqueira, quando querem insultar alguém que é incompetente a conduzir, por exemplo, e não se apercebem que isso acaba por gerar a exclusão social das pessoas deficientes”, explicou ao PÚBLICO Joana Santiago, presidente do BIPP. “A educação linguística é importante para que as deficiências não continuem a ser citadas servindo de insulto”, acrescenta.

Para isso, a associação criou um um desafio no Instagram, no qual convidam toda a gente a partilhar uma selfie com uma tira de fita-cola na boca e o insulto escrito de “que foi alvo ou que utilizou”. De seguida, a ideia é que a fotografia seja publicada juntamente com a descrição da situação em que esse insulto foi usado, acompanhada das hastags #bipp e #naoeinsulto. “As pessoas partilham e convidam os amigos a fazer o mesmo”, explica Joana Santiago. “É uma forma diferente e divertida de fazer a sensibilização”, continua. A associação aposta ainda na divulgação da iniciativa através de outras redes sociais e de um site criado especificamente para a campanha.

A associação lembra que no Instagram termos como deficiente, freak ou mongloide são frequentemente usados. Nessa rede social, a hashtag #deficiente foi usada 93.308 vezes, #mongo tem 70.000 utilizações, e #anormal tem 52.000 utilizações, por exemplo. A hashtag mais usada é #freak (393.005).

A BIPP pretende fazer chegar este desafio ao maior número de pessoas possível e, para isso, convidou algumas caras bem conhecidas para se associarem a esta cadeia, “gerando um efeito de multiplicação”, explica a associação. Silvia Rizzo, Rita Salema, Mariana Monteiro, Heitor Lourenço, Henrique Feist, Cifrão, Kátia Aveiro, Cinha Jardim ou Bibbá Pitta são alguns dos nomes que já disseram que vão aderir à campanha. As autoras dos blogs A Pipoca Mais Doce (Ana Garcia Martins), A Curiosa (Iva Lamarão) ou Coquette à portuguesa (Jael Correia) já partilharam as suas selfies.

“Ser deficiente não é um insulto” vem no seguimento do projecto “Diferente ou Defeito”, uma iniciativa lançada pela BIPP em Junho, e que visou lançar uma loja online de doações. Cada contribuição serve para apoiar acções de solidariedade promovidas pela associação.

 

Texto editado por Andrea Cunha Freitas