Cidades chinesas com poluição do ar 56 vezes superior ao limite

Fotogaleria

A poluição atmosférica atingiu níveis recorde este fim-de-semana em várias cidades do Nordeste da China, com uma densidade de partículas nocivas no ar 56 vezes superiores aos limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A poluição atmosférica atingiu níveis recorde este fim-de-semana em várias cidades do Nordeste da China, com uma densidade de partículas nocivas no ar 56 vezes superiores aos limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os habitantes de Lianoning, província a nordeste da China, usam máscaras nas ruas e recolhem-se em casa enquanto uma nuvem de poluição invade as cidades.

Segundo dados da Agência de Protecção Ambiental de Shenyang, capital de Lianoning, os níveis de partículas com 2,5 micrómetros de diâmetro (PM 2,5), associadas a doenças cardíacas e pulmonares, inclusive cancro - ascenderam este domingo a 1.157 microgramas por m3 na capital. Os níveis máximos de PM2,5 recomendados pela OMS são de 25 microgramas por m3. A partir daí, a exposição representa um grave perigo para a saúde.

Uma publicação do site oficial do município de Shenyang, com oito milhões de habitantes, explica que a nuvem de smog que alastrou este fim-de-semana resulta da “activação do sistema de aquecimento central da cidade”, maioritariamente alimentado a carvão, e que foi posto em funcionamento com a chegada dos primeiros dias de inverno. 

Desde que as autoridades chinesas começaram a divulgar dados relativos à qualidade do ar em 2013, este é o episódio mais grave de poluição atmosférica registado no país.

“Quando saímos à rua, o simples contacto com o ar faz arder os olhos, a garganta e a pele. Temos de comprar máscaras mas, para além disso, ninguém nos disse exactamente o que fazer” relata um habitante de Sheyniang à Xinhua, agência de notícias oficial.

As fábricas da capital da província contribuem para a densidade do smog, não fosse Sheyniang um dos maiores centros industriais chineses. Apesar do esforço feito nos últimos anos para deslocar fábricas das zonas habitadas e recorrer ao gás natural em vez de carvão, as autoridades tiveram de exigir agora à indústria local um abrandamento na produção como medida de prevenção.

O plano de emergência envolveu ainda que estradas de acesso à capital fossem cortadas e 87 voos cancelados no início desta segunda-feira. Segundo declarações de Zhu Jinghai, responsável pelo departamento ambiental de Sheyniang, 14 equipas ambientais estão em alerta para fazer cumprir as medidas de emergência.

Também em Changchun, capital da província de Jilin, os efeitos da poluição se fazem sentir, com a visibilidade limitada a 100 metros em algumas zonas da cidade. As autoridades locais já accionaram um plano de protecção civil, com actividades escolares no exterior canceladas e os residentes aconselhados a permanecer em casa.

Esta segunda-feira, os níveis de poluição baixaram sensivelmente, mas os efeitos do smog na saúde pública fizeram sentir-se nos hospitais locais. Yang Shenjia, médico no Hospital Liaoning Jinqiu, Lianoning, revelou à Xinhua que “as enfermarias dos serviços de doenças respiratórias estão cheias”, já que fluxo de pacientes a chegar com problemas aumentou consideravelmente nos últimos dois dias.

Esta crise ambiental ocorre a poucos dias da próxima cimeira das Nações Unidas para as alterações climáticas, o COP21, onde a China desempenhará um importante papel nas negociações, depois de se ter comprometido pela primeira vez a reduzir as emissões de poluentes, para atingir um pico antes de 2030.