Um caso de tráfico de órgãos por ano em Portugal

Presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação teme aumento do problema na Europa com a vaga de refugiados.

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Alguns dos casos em Portugal só foram descobertos após as complicações nos doentes Adriano Miranda

O médico nefrologista considera que o tráfico de órgãos é “um problema terrível a nível mundial” e adianta que os dados da Organização Mundial de Saúde apontam para que quase 10% de todos os transplantes em todo o mundo feitos com um dador vivo utilizaram este recurso ilegal. “São quase sempre pessoas ricas a irem comprar um órgão a alguém em situação miserável. Já houve portugueses que foram a esses países, mas os números são muito pequenos porque não temos muita gente com capacidade e económica e porque fomos tendo uma taxa de doação razoável”, acrescentou Fernando Macário.

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O médico nefrologista considera que o tráfico de órgãos é “um problema terrível a nível mundial” e adianta que os dados da Organização Mundial de Saúde apontam para que quase 10% de todos os transplantes em todo o mundo feitos com um dador vivo utilizaram este recurso ilegal. “São quase sempre pessoas ricas a irem comprar um órgão a alguém em situação miserável. Já houve portugueses que foram a esses países, mas os números são muito pequenos porque não temos muita gente com capacidade e económica e porque fomos tendo uma taxa de doação razoável”, acrescentou Fernando Macário.

Os poucos casos foram identificados tanto por os doentes terem deixado de precisar de diálise, como por problemas com o transplante já após o regresso a Portugal. No entanto, o especialista teme que o tráfico de órgãos ganhe nova expressão nos próximos anos, recordando o problema detectado em refugiados sírios que no Líbano eram coagidos a venderem os seus órgãos. “Esta fase pode ser propícia a isso. O elo mais fraco é sempre o dador e nas redes de tráfico não há escrúpulos nenhuns”, lamentou Fernando Macário.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação falava nesta sexta-feira durante uma conferência de imprensa de antecipação do 17.º Dia Europeu da Doação e Transplantação de Órgãos, que se assinala no sábado em Portugal com uma conferência na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e com várias iniciativas se sensibilização nas ruas. O dia é promovido anualmente pelo Conselho da Europa.

De acordo com o balanço nacional apresentado, até Agosto foram registados 218 dadores em Portugal, quando no mesmo período de 2014 foram apenas 204. Os casos de doação em vida continuam a ser uma minoria. Mesmo com o crescimento, nos primeiros oito meses do ano o número de transplantes ficou em 521, um valor em linha com os últimos anos, já que o envelhecimento da população está a impedir que se aproveitem todos os órgãos.