Possível intoxicação fecha edifício da faculdade de Farmácia de Lisboa

Alunos e professores com sintomas que podem ter origem na limpeza da cave onde se guardavam químicos. Sem certezas sobre as causas, instituição decidiu fechar portas.

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Imagem de arquivo de um laboratório Pedro Cunha/Arquivo

O espaço encerrado esta semana é o Edifício E, um dos mais recentes do conjunto histórico que compõe a faculdade. Ali funciona, por exemplo, o laboratório de Tecnologia Farmacêutica, onde os estudantes têm aulas de disciplinas como Tecnologia Farmacêutica e Farmácia Galénica. No final de Setembro, a cave do edifício onde se guardam reagentes químicos inactivos, solventes e outros produtos potencialmente tóxicos que são usados nas actividades da faculdade foi alvo de uma operação de limpeza.

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O espaço encerrado esta semana é o Edifício E, um dos mais recentes do conjunto histórico que compõe a faculdade. Ali funciona, por exemplo, o laboratório de Tecnologia Farmacêutica, onde os estudantes têm aulas de disciplinas como Tecnologia Farmacêutica e Farmácia Galénica. No final de Setembro, a cave do edifício onde se guardam reagentes químicos inactivos, solventes e outros produtos potencialmente tóxicos que são usados nas actividades da faculdade foi alvo de uma operação de limpeza.

Esta é uma operação comum na instituição e foi executada, como é obrigatório, por uma empresa especializada, mas foi mais profunda do que o habitual. Entre as embalagens de produtos químicos que foram retiradas daquele armazém estavam algumas “muito antigas”, admite a directora da Faculdade de Farmácia, Matilde Fonseca e Castro. “Alguns produtos eram de um tempo em que não havia o mesmo cuidado com as embalagens, nem as especificações que hoje são normais”, explica.

A operação demorou algumas horas e, “talvez por as portas do armazém terem estado tanto tempo abertas”, o cheiro que alunos e professores da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa associam habitualmente à cave onde são guardados os reagentes, “espalhou-se por todo o edifício”, conta a directora. Nos dias seguintes, vários alunos, professores e investigadores apresentaram sintomas que podem ser associados a intoxicações com produtos químicos, sobretudo irritações na pele. No entanto, houve um caso mais grave a provocar maior alarme junto dos responsáveis da instituição: o de uma aluna que apresentou tonturas e vómitos, que podem estar associadas a um quadro de neurotoxicidade. Depois de observada por médicos, a estudante está em casa em recuperação, mantendo o acompanhamento clínico.

Face a esta profusão de sintomas preocupantes entre a comunidade académica, a direcção da faculdade de Farmácia decidiu encerrar todo o edifício E. “Não temos qualquer certeza de que haja uma relação causa-efeito entre a manipulação daqueles produtos e estes problemas, mas, por uma questão de precaução e responsabilidade, entendemos que era a melhor opção”, justifica Matilde Fonseca e Castro.

O Edifício E vai manter-se encerrado enquanto decorre uma operação de limpeza de todo aquele espaço, que deverá iniciar-se na próxima semana. Ao mesmo tempo, serão também realizados testes de monitorização da qualidade do ar e, só depois de haver garantias de que a infra-estrutura tem todas as condições de segurança. é que as aulas e as actividades de investigação vão ser retomadas. A direcção da faculdade não avança, para já, com uma data para que as condições de trabalho naquele edifício sejam reestabelecidas. Entretanto, as aulas que ali deviam ter lugar vão ser transferidas para outros edifícios da faculdade. Já a maior parte dos trabalhos de investigação estão a ser deslocados para laboratórios do campus académico do Lumiar.