Hospitais do Porto lideram dois rankings

Trabalho da empresa Iasist dá o primeiro lugar ao Centro Hospitalar do Porto. Escola Nacional de Saúde Pública distingue o Centro Hospitalar de São João. Edição de 2014 de ambos os rankings já tinha premiado os mesmos hospitais.

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Os hospitais vencedores têm menos mortalidade e menos complicações nos doentes nFactos/Fernando Veludo

O trabalho da Iasist, intitulado Top 5 – A Excelência dos Hospitais, divide as unidades em cinco grupos, de acordo com a dimensão dos hospitais e é apresentado pela segunda vez. O ranking final apresentado nesta terça-feira, em Lisboa, revelou apenas os três melhores classificados de cada grupo e o vencedor final. Para os resultados são ponderados vários indicadores relacionados com a “qualidade”, como é o caso da mortalidade, das complicações e das readmissões de doentes – tendo sempre em consideração a gravidade dos doentes atendidos. São também estudados critérios de “adequação”, onde entra por exemplo o peso das cirurgias feitas em ambulatório em relação ao peso de todas as operações que poderiam ter sido feitas sem recurso a internamento. No campo da “eficiência” é tido em consideração o tempo médio de internamento dos doentes, o número de doentes por médico e por enfermeiro e os custos por cada doente tratado.

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O trabalho da Iasist, intitulado Top 5 – A Excelência dos Hospitais, divide as unidades em cinco grupos, de acordo com a dimensão dos hospitais e é apresentado pela segunda vez. O ranking final apresentado nesta terça-feira, em Lisboa, revelou apenas os três melhores classificados de cada grupo e o vencedor final. Para os resultados são ponderados vários indicadores relacionados com a “qualidade”, como é o caso da mortalidade, das complicações e das readmissões de doentes – tendo sempre em consideração a gravidade dos doentes atendidos. São também estudados critérios de “adequação”, onde entra por exemplo o peso das cirurgias feitas em ambulatório em relação ao peso de todas as operações que poderiam ter sido feitas sem recurso a internamento. No campo da “eficiência” é tido em consideração o tempo médio de internamento dos doentes, o número de doentes por médico e por enfermeiro e os custos por cada doente tratado.

No “grupo E”, que avaliou os seis maiores centros hospitalares do país, só o Centro Hospitalar do Porto, o Centro Hospitalar de São João e o Centro Hospitalar de Lisboa Norte chegaram ao pódio final. O vencedor foi o Centro Hospitalar do Porto, um repetente, já que também em 2014 tinha conquistado o primeiro lugar. No “grupo D”, onde entram oito hospitais médios e grandes, o vencedor foi o Hospital de Braga, mas também estavam nomeados o Centro Hospitalar Tondela-Viseu e o Hospital do Espírito Santo – que tinha vencido o “Top 5” do ano passado. Entre as 12 unidades médias, no “grupo C”, chegaram ao fim o Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga e Hospital Beatriz Ângelo. O prémio foi para o primeiro, quando em 2014 tinha ido para o segundo.

No “grupo B”, que avaliou os sete hospitais mais pequenos do país, o prémio foi pela segunda vez para o Hospital Santa Maria Maior, em Barcelos, que chegou ao pódio com o Hospital de Vila Franca de Xira e o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde. Num grupo à parte foram avaliadas oito unidades locais de saúde (ULS) e o primeiro lugar foi para a ULS do Alto Minho, que partilhou os finalistas com a ULS de Matosinhos e a ULS do Nordeste. De fora da avaliação ficaram os institutos portugueses de oncologia e os hospitais psiquiátricos.

Os melhores por doença
O ranking da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), com o nome Avaliação do Desempenho dos Hospitais Públicos (Internamento) em Portugal Continental (2014), e divulgado pouco antes pela Lusa, tem critérios diferentes e é feito há vários anos. Não divide os hospitais por grupos, olhando antes para os resultados globais de várias doenças tratadas, como as doenças do aparelho ocular, cardíacas e vasculares, digestivas, endócrinas, neoplásicas ou ginecológicas. Tem também tem em consideração os dados relacionados com a mortalidade, as complicações e as readmissões.

Na lista geral, o Centro Hospitalar de São João, no Porto, mantém o primeiro lugar, seguido pelo Hospital Beatriz Ângelo, em Loures. O terceiro lugar foi atribuído ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que tinha vencido na edição de 2012. O quarto lugar do ranking distinguiu o Centro Hospitalar Lisboa Norte e o quinto a ULS de Matosinhos. O Centro Hospitalar do Porto, em primeiro lugar no estudo da Iasist, aqui surge na sexta posição. Em dados específicos há diferenças: o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra tem um resultado ligeiramente pior na mortalidade do que no ranking geral, enquanto o Centro Hospitalar Lisboa Norte tem melhores resultados na mortalidade no que na análise global.

Olhando para algumas doenças em particular, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra é considerado o melhor a tratar as doenças do aparelho ocular, as doenças endócrinas e metabólicas e as ginecológicas, obstétricas e neoplásicas. Por outro lado, as doenças cardíacas, vasculares e digestivas conquistaram melhores resultados no São João, assim como as patologias infecciosas e neurológicas. O Centro Hospitalar de Tondela-Viseu lidera as doenças músculo-esqueléticas, o Instituto Português de Oncologia de Coimbra encabeça as doenças dos órgãos genitais masculinos e o Centro Hospitalar Lisboa Norte destaca-se nos rins e aparelho urinário. O Instituto Português de Oncologia de Lisboa é melhor nas patologias dos ouvidos, nariz e garganta.

Sobre o trabalho da Iasist, o director-geral da empresa em Portugal, Manuel Delgado, congratulou-se com os resultados e salientou que, sobretudo nos grandes centros hospitalares, há poucas diferenças entre o vencedor e os restantes membros da lista. No entanto, o antigo presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares destacou que ainda há bastante margem para melhoria e que todos os grupos podem aprender entre eles.

De acordo com Manuel Delgado, a demora média de internamento dos doentes está a crescer em todos os grupos. Há também margem para melhorar nas cirurgias de ambulatório. Nos grandes hospitais a taxa é de 69,9%, abaixo dos 73,9% que consegue o grupo D, de hospitais médios e grandes. O “Top 5” comparou também os valores dos três melhores de cada grupo com os resultados globais e percebeu que os nomeados conseguem menos 19% de mortalidade do que os restantes, assim como menos 8% de complicações nos doentes e menos 5% de readmissões. Estes resultados são conseguidos com menos tempo de internamento (cerca de 7% inferior) e com custos por doente 27% inferiores.

Demasiados doentes nas urgências

Um dos problemas comuns identificados por Manuel Delgado está no excessivo número de doentes que chegam aos hospitais de forma não programada. “Não é bom que seja a urgência a alimentar os hospitais”, afirmou, adiantando que de 2013 para 2014 voltou a crescer o peso das urgências em todos os grupos, com destaque para as ULS onde 77,2% dos doentes chegam pela porta das urgências. O valor mais baixo é encontrado nos grandes hospitais, mas que mesmo assim subiram de 60% para 60,5%. No caso das ULS, o responsável destaca que o resultado é ainda mais preocupante, por se pressupor que estas unidades deveriam ter uma melhor articulação entre os hospitais e os centros de saúde.

Sobre este aspecto em concreto das urgências, questionado pelo PÚBLICO, o ministro da Saúde afirmou que o problema é conhecido. “Nós sabemos, aliás está provado em todas as análises que têm sido feitas, que temos pessoas mais vulneráveis que chegam às urgências, porque temos pessoas muito mais idosas e em outras condições de vulnerabilidade que obriga a um maior tempo de observação e a um maior internamento”, justificou Paulo Macedo que, ainda assim, contrapôs que “vendo os grandes números, entre 2008 e 2014, o número de urgências decresce ligeiramente”.