Economia alemã ganhou 100 mil milhões de euros com crise na Grécia

Instituto para a Investigação Económica de Halle diz que o país fez poupanças nas taxas de juro da dívida desde 2010.

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Alexis Tsipras e Angela Merkel: a crise da Grécia foi benéfica para os Orçamentos alemães TOBIAS SCHWARZ/AFP

Segundo o Instituto de Investigação Económica de Halle (Leste da Alemanha), Berlim poupou 100 mil milhões de euros desde 2010, permitindo que a Alemanha tenha conseguido orçamentos equilibrados.

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Segundo o Instituto de Investigação Económica de Halle (Leste da Alemanha), Berlim poupou 100 mil milhões de euros desde 2010, permitindo que a Alemanha tenha conseguido orçamentos equilibrados.

O Instituto criou um modelo de uma situação fictícia “normal”, sem crise, para estabelecer o que teriam sido as taxas de juro da dívida alemã, e comparou-a com as taxas de juro reais ao longo da crise. Com os investidores a considerarem a Alemanha um destino seguro e a procurarem comprar mais dívida alemã, as taxas de juro desciam. 

Mais: analisando a relação entre a situação política e as taxas de juro, o instituto nota que à media que pioravam as notícias da Grécia, mais desciam as taxas de juro da dívida da Alemanha. O contrário também acontecia: quando havia notícias encorajadoras da Grécia, a taxa de juro alemã subia.

A Alemanha não foi o único país a beneficiar deste efeito: França, EUA e Holanda também colheram benefícios, mas numa escala menor.

Apesar de reconhecer a dificuldade destes cálculos, o instituto faz uma estimativa das potenciais perdas para a Alemanha em caso de incumprimento grego. Mesmo tendo em conta mais do que a participação directa e incluindo alguma exposição indirecta, as perdas não seriam de mais de 90 mil milhões (incluindo o novo empréstimo que está a ser agora negociado), aponta. Assim, menos do que os 100 mil milhões de benefícios obtidos.

Esta não é a primeira vez que há projecções de dados dos benefícios da crise na Alemanha. Com base em dados até 2012, o Ministério das Finanças de Berlim projectava para o período de 2010 a 2014 poupanças de 41 mil milhões de euros em juros de dívida.