Ex-administrador de empresa da CP detido por suspeita de desvio de fundos

Rui Lucena Marques liderou empresa da CP que presta serviços na área dos recursos humanos e formação.

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Em causa está o alegado desvio de fundos de uma formação paga pelas autoridades angolanas José Fernandes/Arquivo
O processo teve origem numa participação do grupo CP e está em investigação há apenas três meses, precisou ao PÚBLICO uma fonte da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária, que adiantou que o ex-administrador da Fernave foi detido na quinta-feira passada quando chegava de Moçambique.

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O processo teve origem numa participação do grupo CP e está em investigação há apenas três meses, precisou ao PÚBLICO uma fonte da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária, que adiantou que o ex-administrador da Fernave foi detido na quinta-feira passada quando chegava de Moçambique.

Rui Lucena Marques foi presente ao juiz de instrução na sexta-feira, tendo-lhe sido aplicadas várias medidas de coacção, anunciadas nesta terça-feira em comunicado pela PJ: “O pagamento de uma caução de trinta e sete mil e quinhentos euros, suspensão de funções públicas ou exercício de cargos de gestão pública e proibição de ausência para fora do país.”

Esta segunda-feira, a PJ ainda realizava diligências no âmbito desta investigação, o que justificou que só esta terça-feira tenha emitido uma nota. “No decurso da operação foram realizadas buscas, tendo sido apreendido diverso material relacionado com a prática da actividade criminosa em investigação”, acrescenta o comunicado da PJ.

Em causa estão suspeitas de desvio de fundos relacionados com o pagamento de uma formação feita em Angola, após uma transferência das autoridades angolanas de cerca de 200 mil euros. No comunicado, a PJ adianta que “o valor do benefício ilícito apurado até ao momento é de cem mil euros”. Uma fonte da UNCC refere que o método usado no desvio não foi muito sofisticado, o que facilitou à polícia reconstruir o trajecto do dinheiro.

A investigação vai continuar tentando apurar o grau de envolvimento de outras pessoas que participaram nesta transacção e se obtiveram algum benefício com a mesma.  

Rui Lucena Marques foi líder da Fernave, uma sociedade anónima cujo capital é participado pela CP e que presta serviços na área dos Recursos Humanos, Formação e Recrutamento. Destacou-se aí em vários projectos com Angola e Moçambique. Mas foi demitido no ano passado pelo presidente da CP Manuel Queiró, tendo regressado aos quadros da CP Carga — Logística e Transportes Ferroviários de Mercadorias SA.

com Hugo Daniel Sousa