A repressão já fala por eufemismos

Primeiro, o regime angolano negou que os activistas detidos há um mês sem culpa formada fossem presos políticos – mas acusou-os de estarem a preparar um golpe de Estado; agora, a polícia angolana que deteve por algumas horas os manifestantes que em Luanda tentaram protestar contra o arbítrio de tais detenções negou que os tenha detido – diz que os “recolheu” por estarem a tentar “alterar a ordem”. O que se seguirá, nesta linguagem de faz-de-conta? Passará um cidadão angolano crítico do regime a “provocador a soldo do estrangeiro”? Passará um espancado a “fisicamente corrigido”? Passará um morto a “ausente por tempo indeterminado”, como algures já sucedeu na inexplicável burocracia portuguesa? Seja como for, não é de semântica que se trata agora. É de direitos humanos. Mais do que palavras, é preciso encontrar os gestos certos. Angola devia envergonhar-se de ter presos como estes, no século XXI.

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Primeiro, o regime angolano negou que os activistas detidos há um mês sem culpa formada fossem presos políticos – mas acusou-os de estarem a preparar um golpe de Estado; agora, a polícia angolana que deteve por algumas horas os manifestantes que em Luanda tentaram protestar contra o arbítrio de tais detenções negou que os tenha detido – diz que os “recolheu” por estarem a tentar “alterar a ordem”. O que se seguirá, nesta linguagem de faz-de-conta? Passará um cidadão angolano crítico do regime a “provocador a soldo do estrangeiro”? Passará um espancado a “fisicamente corrigido”? Passará um morto a “ausente por tempo indeterminado”, como algures já sucedeu na inexplicável burocracia portuguesa? Seja como for, não é de semântica que se trata agora. É de direitos humanos. Mais do que palavras, é preciso encontrar os gestos certos. Angola devia envergonhar-se de ter presos como estes, no século XXI.