CGD fecha o semestre com lucro de 47 milhões de euros

Resultado do banco público foi suportado por actividade internacional.

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Gestores da Caixa Geral de Depósitos estão entre os acusados Gonçalo Português

No entanto, como no primeiro semestre do ano passado o lucro do banco público ficou a dever-se às mais-valias contabilizadas com a venda de mais de 80% do capital das suas seguradoras aos chineses da Fosun, a CGD referiu em comunicado divulgado esta quinta-feira que houve, no primeiro semestre deste ano, "uma melhoria de 216,4 milhões de euros face ao período homólogo do ano anterior".

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No entanto, como no primeiro semestre do ano passado o lucro do banco público ficou a dever-se às mais-valias contabilizadas com a venda de mais de 80% do capital das suas seguradoras aos chineses da Fosun, a CGD referiu em comunicado divulgado esta quinta-feira que houve, no primeiro semestre deste ano, "uma melhoria de 216,4 milhões de euros face ao período homólogo do ano anterior".

Ou seja, em termos ajustados, sem factores extraordinários, o resultado líquido da CGD teria passado de um prejuízo de 169,3 milhões de euros para o lucro de 47,1 milhões de euros.

A actividade internacional teve um grande contributo para o lucro semestral consolidado de 47,1 milhões de euros hoje divulgado, ao representar um resultado líquido de 44,7 milhões de euros. O melhor mercado externo é Macau, com 28,5 milhões de euros (mais 9% face a idêntico período de 2014). O banco público tem também investido em Moçambique e Angola. No caso de Moçambique, a CGD é o maior accionista do Banco Comercial e de Investimentos (BCI), que fez um aumento de capital em Junho.

Já no caso de Angola a CGD assegurou recentemente 100% do capital da Partang, holding que, por sua vez, é dona de 51% do Banco Caixa Geral Totta de Angola (BCGTA). Até aqui, a Partang era detida a 51% pela CGD e a 49% pelo Santander. Entre os accionistas do BCGTA estão a Sonangol (com 25%) e António Mosquito (dono da Soares da Costa e accionista do grupo de media que detém a TSF, "Diário de Notícias" e "Jornal de Notícias").

Sobre os resultados globais, a CGD destaca que a margem financeira subiu 14,3% no período em análise, “continuando a beneficiar da redução do custo” de financiamento, em especial “do custo dos depósitos, superior à redução, também sentida, no proveito das operações activas”. O banco público liderado por José de Matos destaca ainda que houve uma redução no montante destinado a provisões e imparidades ligadas aos créditos, que desceu 23% para 322 milhões de euros.

Ao mesmo tempo, registou-se “um crescimento da nova produção de crédito” às Pequenas e Médias Empresas (PME) e as “novas produções de crédito à habitação têm registado uma tendência crescente” este ano. De acordo com os dados da CGD, o valor dos primeiros seis meses foi de 380 milhões, mais 58% do que em idêntico período do ano passado. Já no caso do rácio de crédito vencido, subiu de 7,6% para 7,9% do total concedido.

Os dados sobre o comportamento do primeiro semestre foram divulgados no mesmo dia em que o "Jornal de Negócios" publicou declarações do primeiro-ministro, onde demonstrou incómodo sobre o facto de a CGD ainda não ter começado a devolver o montante emprestado pelo Estado. Além dos aumentos de capital, o Estado aplicou 900 milhões de euros em capital contingente (os chamados CoCo), pelos quais recebe juros. “Era suposto que a Caixa Geral de Depósitos tivesse podido já obter resultados que permitissem fazer uma parte desse reembolso”, afirmou Pedro Passos Coelho, acrescentando que o tema lhe causa “preocupação”.  Com lusa