Sindicato diz que vigilância a casa de Salgado prejudica policiamento em Cascais

Só neste sábado estiveram pelo menos seis agentes junto à residência do ex-presidente do BES. Associação sindical não se lembra de uma situação similar desde Vale e Azevedo.

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Salgado vai aguardar o desenrolar das investigações em prisão domiciliária, sem pulseira electrónica Miguel Manso

“Para alocar recursos humanos, ou seja, polícias, à vigilância de uma residência, isso implica retirá-los ao patrulhamento normal, o que provoca necessariamente prejuízos ao nível da qualidade do serviço prestado”, afirma Paulo Rodrigues.

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“Para alocar recursos humanos, ou seja, polícias, à vigilância de uma residência, isso implica retirá-los ao patrulhamento normal, o que provoca necessariamente prejuízos ao nível da qualidade do serviço prestado”, afirma Paulo Rodrigues.

O dirigente sindical considera muito positivo que desde 2002, quando foi lançado o sistema de vigilância electrónica, se tenha reduzido gradualmente este tipo de serviço e, nos últimos anos, Paulo Rodrigues só se lembra de uma situação similar a esta, no caso do antigo presidente do Benfica, Vale e Azevedo.

Em Cascais há quem diga que o policiamento está a atingir um ponto de ruptura, já que às normais dificuldades de recursos humanos somam-se, nesta altura, as férias, que obrigam a encolher o dispositivo. Segundo outro dirigente sindical, que pediu para não ser identificado, a esquadra da Divisão de Cascais da PSP só tem actualmente dois elementos a fazer o policiamento de rua, um número que seria o dobro não fosse a vigilância em casa do ex-banqueiro.

Na manhã deste sábado estiveram quatro agentes da PSP a policiar a casa de Salgado e à tarde, quando o PÚBLICO esteve no local, eram visíveis duas viaturas, cada uma com um polícia, junto às duas entradas da habitação. Ora, mesmo que só estejam dois polícias a vigiar o local, para garantir as 24 horas do dia serão necessários pelo menos seis efectivos.

O subintendente Paulo Flor, porta-voz da PSP, garantiu que a polícia está a cumprir a decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal, assegurando a vigilância da habitação “em permanência”. Sem querer comentar as dificuldades Divisão de Cascais em assegurar mais este serviço, Paulo Flor refere que “a informação ou a análise” sobre as condições da vigilância serão comunicadas ao tribunal, que poderá, se entender, alterar o modo de fiscalização ou a própria medida de coacção.

O ex-presidente executivo do BES vai aguardar o desenrolar das investigações ao colapso do banco em prisão domiciliária, sem pulseira electrónica, e fica também proibido de contactar com os restantes arguidos no processo. As medidas foram fixadas ao final da noite de sexta-feira pelo juiz Carlos Alexandre, depois de um longo interrogatório no Tribunal Central de Instrução Criminal que se prolongou por quase todo o dia. Já neste sábado, a Procuradoria-Geral da República justificou as medidas aplicadas com o perigo de fuga e o risco de perturbação do inquérito.