O equilibrista Alexis Tsipras

É possível que os gregos aceitem as medidas que chumbaram no referendo de domingo? É possível

Já se percebeu que é teimoso, perseverante, calmo, temerário, tem algum carisma e está a revelar-se um político hábil, capaz de fazer a quadratura do círculo e agradar a gregos e a troianos. Está prestes a conseguir chegar a um acordo que agrada aos radicais da esquerda e aos moderados no Parlamento, aos eurocépticos do Syriza e aos pró-europeus do partido, aos credores sedentos de mais austeridade e aos gregos que não querem mais sacrifícios. E a proeza maior é poder chegar ao fim deste ciclo negro na Grécia, com bancos fechados e controlo de capitais, com a popularidade em alta e com um partido composto por 13 facções relativamente unido.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Já se percebeu que é teimoso, perseverante, calmo, temerário, tem algum carisma e está a revelar-se um político hábil, capaz de fazer a quadratura do círculo e agradar a gregos e a troianos. Está prestes a conseguir chegar a um acordo que agrada aos radicais da esquerda e aos moderados no Parlamento, aos eurocépticos do Syriza e aos pró-europeus do partido, aos credores sedentos de mais austeridade e aos gregos que não querem mais sacrifícios. E a proeza maior é poder chegar ao fim deste ciclo negro na Grécia, com bancos fechados e controlo de capitais, com a popularidade em alta e com um partido composto por 13 facções relativamente unido.

E o mais estranho é que o Governo de Alexis Tsipras acabou de entregar aos credores uma nova proposta de reforma que contém medidas que, em grande parte, são coincidentes com aquelas que foram rejeitadas no referendo de domingo e, muito provavelmente, vai conseguir fazê-lo sem baixar o seu nível de aceitação e de popularidade. E pode consegui-lo porque muitos dos gregos que votaram "não" no referendo não votaram só contra a continuação da austeridade, também votaram contra a humilhação que os credores queriam impor ao povo grego. Talvez por isso é que a BBC diga que aceitar um acordo idêntico ao de domingo não será a capitulação de Alexis Tsipras.

Muitos dirão que o acordo actual que está em cima da mesa não é o mesmo face ao que foi rejeitado por 61% dos gregos, já que o actual, apesar de conter medidas de austeridade muito semelhantes, prevê não uma simples extensão do segundo resgate, mas um terceiro bailout que viria com um cheque adicional de 53,5 mil milhões. O que garantiria o regresso a uma relativa normalidade à Grécia, daria à economia mais espaço para respirar e permitiria a reabertura dos bancos e, muito provavelmente, a continuação do estado de graça de Tsipras.