Mona Hatoum – a primeira monográfica

A artista palestiniana cartografada numa exposição com escalas em Paris, Londres e Helsínquia.

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O arco temporal coberto arranca em 1977 e vem até 2015. Aborda os dois grandes períodos criativos da artista: por um lado, a sua relação com o vídeo e a performance – até ao final da década de 1980; por outro, o seu trabalho “mais permanente” de instalação, escultura e desenho – do arranque da década de 1990 em diante. Uma obra primeiro de acentuada “natureza narrativa” e “debruçada sobre questões sociais e políticas”, como recorda o Pompidou, e que, depois, procura “perspectivas de vanguarda” em instalações influenciadas pela arte cinética e pelas teorias fenomenológicas, posicionando-se no pós-minimalismo e utilizando materiais recuperados, por exemplo, do mundo industrial. 

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O arco temporal coberto arranca em 1977 e vem até 2015. Aborda os dois grandes períodos criativos da artista: por um lado, a sua relação com o vídeo e a performance – até ao final da década de 1980; por outro, o seu trabalho “mais permanente” de instalação, escultura e desenho – do arranque da década de 1990 em diante. Uma obra primeiro de acentuada “natureza narrativa” e “debruçada sobre questões sociais e políticas”, como recorda o Pompidou, e que, depois, procura “perspectivas de vanguarda” em instalações influenciadas pela arte cinética e pelas teorias fenomenológicas, posicionando-se no pós-minimalismo e utilizando materiais recuperados, por exemplo, do mundo industrial. 

O Pompidou faz notar ainda a orientação feminista do trabalho de Mona Hatoum. Mais sensível parece ser a ligação deste com o passado biográfico da artista, que nos anos 1970 se instalou no Reino Unido mas que nasceu em Beirute em 1952, filha de pais palestinianos, refugiados de Haifa.

“O trabalho de Mona Hatoum encontra-se ainda acantonado na sua zona geográfica de origem […] com um subtexto pleno do orientalismo descrito por Edward Saïd”, lê-se num texto do Libération sobre a exposição. O jornal cita um texto que este pensador escreveu há 15 anos sobre a artista: “As suas instalações, os seus objectos e as suas performances gravam-se na consciência do espectador com um engenho surpreendentemente discreto, que o uso virtuoso que faz de materiais extremamente simples, familiares e quotidianos (cabelos, aço, sabão, borracha, fio de ferro, corda, etc) sacode de maneira provocadora.”

Foto
Um detalhe de Céllules, uma das obras mais icónicas da artista SÉBASTIEN NORMAND/ CORTESIA DA ARTISTA E DA GALERIA CHANTAL CROUSEL

Já numa entrevista para o site do museu parisiense, Christine van Assche, a curadora da mostra, pergunta a Hatoum como ela se situa a si e ao seu trabalho “entre o Médio Oriente e o Ocidente”. Hatoum reage: “Não acho necessário pensar o meu trabalho nesses termos. Acho pena que as pessoas o abordem com a ideia de o ligar às minhas origens. Isso limita as suas leituras e elude as subtilezas formais e a experiência completa que as minhas obras podem oferecer. O meu trabalho utiliza a geometria, a abstracção e a linguagem formal da arte."