Detidos dois suspeitos de corrupção após buscas na Câmara de Braga

Técnico do urbanismo e alegado cúmplice de um gabinete de arquitectura detidos. Facilitariam a aprovação de projectos urbanísticos e são suspeitos de corrupção, tráfico de influências, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal.

Foto
A investigação foi conduzida pela Polícia Judiciária de Aveiro

Diversos documentos foram apreendidos na autarquia e os dois detidos seriam cúmplices, sendo suspeitos de terem facilitado durante vários anos a aprovação de projectos urbanísticos. Estão em causa crimes de corrupção, tráfico de influências, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Diversos documentos foram apreendidos na autarquia e os dois detidos seriam cúmplices, sendo suspeitos de terem facilitado durante vários anos a aprovação de projectos urbanísticos. Estão em causa crimes de corrupção, tráfico de influências, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal.

Foi a própria câmara que deu conta das buscas e da detenção de um dos seus funcionários através de um comunicado enviado logo depois de os inspectores da PJ terem saído do edifício da autarquia. A PJ está entretanto a analisar a documentação recolhida. 

“Dando sequência a um processo de investigação da Polícia Judiciária de Braga que decorre há vários meses e que tem contado, sempre que solicitado, com a plena colaboração do município de Braga, foram hoje realizadas diversas diligências pelos investigadores dessa entidade, incluindo buscas nos serviços municipais, de que resultou, até ao momento, a detenção para interrogatório de um colaborador desta autarquia”, informou a câmara.

Na nota, o actual presidente, o social-democrata Ricardo Rio, sublinha a expectativa de ver este “processo cabalmente esclarecido” aguardando que se “revele profícuo e conclusivo em relação à prática ou não de eventuais ilícitos criminais pelos visados”.

Face à detenção de um funcionário, a autarquia garante que “jamais permitirá que se confunda a árvore com a floresta e que eventuais más condutas de uns poucos possam pôr em causa a credibilidade da instituição e a dignidade dos seus profissionais, sendo que tais práticas serão disciplinarmente punidas sem qualquer tipo de atenuantes e sem prejuízo dos efeitos cíveis e criminais que da mesma possam resultar”.

Para a autarquia, a “batalha contra a corrupção no município continuará a ser travada todos os dias, tendo como aliados o executivo municipal, os colaboradores da autarquia, os cidadãos e as instâncias judiciais”.

A PJ tem visitado regularmente a Câmara de Braga no âmbito de vários processos investigados pelo Ministério Público, mas não tinha ainda realizado buscas nem detenções.

A propósito de uma dessas visitas dos inspectores, em Março, o presidente da câmara avançou que, entre os processos em investigação pelo Ministério Público, estavam a expropriação da Casa das Convertidas, uma Parceria Publico Privada (PPP), a concessão do estacionamento à superfície e a queda de um muro que em 2014 matou três estudantes.

À Lusa, Ricardo Rio garantiu que nessa altura "não houve buscas, nem apreensões nem nada do género, mas coisas normais". Terá sido apenas solicitada informação. O autarca aproveitou também para recordar que estavam já a decorrer investigações a outros casos envolvendo o anterior executivo de maioria socialista, liderado por Mesquita Machado. Esses casos não estarão relacionados com as buscas desta terça-feira, de acordo com fonte policial.

"São casos abertos pelo Ministério Público, como o das Convertidas e da queda do muro que vitimou estudantes da Universidade do Minho, outros que resultaram da auditoria feita por este executivo no início do mandato, como o da concessão do estacionamento à superfície, a PPP, o perdão de uma dívida ao Sporting Clube de Braga ou as próprias piscinas olímpicas", referiu então Ricardo Rio. 

De acordo com o autarca, um dos outros processos em investigação estará relacionado com uma denúncia do actual líder socialista da oposição, Hugo Pires. "Há ainda a questão da denúncia do PS no âmbito do dossier do túnel da Avenida, relativamente a um acordo entre a autarquia e a Britalar quanto ao pagamento de obras a mais", explicou então o presidente da autarquia.