Remodelação governamental à medida de Hollande e Valls
Primeiro-ministro usa outra vez privilégio constitucional para fazer passar Lei Macron no Parlamento sem ser votada pelos deputados.
Valls tinha prometido que não haveria uma “alteração dos equilíbrios” no seio do partido” e não só cumpriu a promessa como revelou uma equipa reforçada ao nível da sua linha económica e política, ao nível dos secretários de Estado. Nenhuma das novas figuras corresponde à dos grupos contestatários dentro do Partido Socialistas, ou é próximo de figuras concorrenciais, como Martine Aubry. Aliás, a presidente da Câmara de Lille perdeu recentemente o controlo sobre a Federação do Norte do PS, pois o seu candidato para a direcção foi derrotado pela candidata apoiada por Patrick Kanner, ministro da Cidade e próximo de Manuel Valls.
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Valls tinha prometido que não haveria uma “alteração dos equilíbrios” no seio do partido” e não só cumpriu a promessa como revelou uma equipa reforçada ao nível da sua linha económica e política, ao nível dos secretários de Estado. Nenhuma das novas figuras corresponde à dos grupos contestatários dentro do Partido Socialistas, ou é próximo de figuras concorrenciais, como Martine Aubry. Aliás, a presidente da Câmara de Lille perdeu recentemente o controlo sobre a Federação do Norte do PS, pois o seu candidato para a direcção foi derrotado pela candidata apoiada por Patrick Kanner, ministro da Cidade e próximo de Manuel Valls.
Assim, Clotilde Valter é a nova secretária de Estado da Reforma do Estado. Substituiu Thierry Mandon, que passa para a Secretaria de Estado do Ensino Superior. Martine Pinville obtém a pasta com a designação mais longa: secretária de Estado do Comércio, do Artesanato, do Consumo e da Economia Social e Solidária. Quanto a Laurence Rossignol, secretária de Estado da Família, das Pessoas Idosas e da Autonomia, passa a ser responsável também pela Infância.
Foram sobretudo próximos de François Hollande que foram promovidos, sublinha o Le Monde. É mais um passo na linha de “clarificação” iniciada no Verão passado, quando saíram três ministros contestatários – Arnaurd Montebourg (Economia), Benoît Hamon (Educação) e Aurélie Filippetti (Cultura), escreve o jornalista Nicolas Chapuis naquele o Monde.
A verdadeira remodelação, feita para durar até ao fim do mandato de Hollande e do governo socialista, em 2017, só deverá acontecer depois das eleições regionais de Dezembro. E então, a esperança é que a Europa Ecologia-Os Verdes possa voltar a governar em conjunto com os socialistas – talvez em resultado de uma aproximação eleitoral, para impedir a direita de ganhar as eleições, dizia um próximo de Hollande ao mesmo jornal.
Mas Cecille Duflot, da Europa Ecologia-Os Verdes, está a ponderar a hipótese de apresentar uma candidatura à presidência da República em 2017, e o que o governo de Valls está a fazer não está a conquistar amigos à esquerda.
No entanto, na terça-feira, os deputados ecologistas não se juntaram à oposição de esquerda e de direita que saiu do hemiciclo, depois de Manuel Valls tornar oficial a sua decisão de fazer adoptar sem ir a votação a Lei do Crescimento, da Actividade e da Igualdade de Oportunidades (é conhecida como Lei Macron), como já tinha feito em Fevereiro, quando a lei foi a plenário para ser votada, em primeira leitura.
Para aprovar a lei, que entre outras coisas alarga a possibilidade de trabalhar ao domingo, Valls utilizou a aprovação por decreto, uma prerrogativa prevista pelo artigo 49 da Constituição. O projecto de lei fica aprovado excepto quando há uma moção de censura nas 48 horas seguinte – a UDI, um partido do centro, apresentou-a, e será discutida na quinta-feira, mas não tem grandes hipóteses de sucesso.
Acusado de estar a ter derivas autoritárias, o primeiro-ministro defendeu-se. “Isto não é ser autoritário, é ser eficiente”, respondeu.