Espanha quer liderar Eurogrupo conciliando as várias “sensibilidades” na Europa

Luis de Guindos era há muito candidato a candidato. Tem o apoio da Alemanha, mas não a vitória garantida. Actual presidente do Eurogrupo surge em vantagem.

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Os dois candidatos em confronto: o holandês Jeroen Dijsselbloem e o espanhol Luis de Guindos EMMANUEL DUNAND/AFP

De Guindos, há muito com um pé na corrida, formalizou a sua candidatura na segunda-feira, escrevendo uma carta de sete páginas aos parceiros europeus a apresentar a sua “visão do caminho e das prioridades do Eurogrupo para os próximos dois anos e meio”.

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De Guindos, há muito com um pé na corrida, formalizou a sua candidatura na segunda-feira, escrevendo uma carta de sete páginas aos parceiros europeus a apresentar a sua “visão do caminho e das prioridades do Eurogrupo para os próximos dois anos e meio”.

A escolha vai decidir-se num momento crítico no Eurogrupo, em que os ministros das finanças da moeda única têm em mãos o difícil dossier grego para evitar que Atenas chegue a uma situação de bancarrota. De Guindos surge com uma posição conciliadora, garantindo que vai ter em conta as “diferentes visões e sensibilidades” entre os 19 países do euro.

O caminho para chegar à liderança do Eurogrupo não será, porém, fácil. O ministro espanhol da Economia e Competitividade tem o apoio de peso da Alemanha, mas não a nomeação assegurada, o que o tem levado a desdobrar-se numa ofensiva diplomática para angariar votos entre os colegas da zona euro.

O facto de ter tentado adiar a votação – quando Dijsselbloem espera que ela aconteça já na reunião do Eurogrupo da próxima quinta-feira, no Luxemburgo – foi visto como um sinal de fraqueza, como se Luis de Guindos tentasse ganhar tempo para virar um resultado aparentemente desfavorável.

Dijsselbloem, que em Janeiro de 2013 sucedeu a Jean-Claude Juncker na liderança do fórum dos ministros das finanças e está agora à beira de terminar o mandato, em Julho, parece surgir como favorito na corrida. De acordo com o El País, terá garantido o apoio da França, cujo ministro das Finanças, Michel Sapin, é da mesma família política (socialista), apesar de este ter surgido a elogiar as “qualidades excepcionais” do colega espanhol. “Penso que há um amplo apoio à minha candidatura”, limitou-se a frisar Dijsselbloem quando a 5 de Junho confirmou estar de novo na corrida.

O "mesmo barco"
Semanas depois da eleição do Syriza na Grécia, De Guindos foi apontado como um dos principais opositores às mudanças reclamadas pelo novo primeiro-ministro Alexis Tsipras, que acusou Espanha de formar, com Portugal, um “eixo contra Atenas”. As posições que Luis de Guindos tem assumido de então para cá foram vistas como conciliadoras. Não só surgiu ao lado do ministro grego Yanis Varoufakis, como, agora, perante o impasse nas negociações entre a Grécia e as instituições europeias, se mostrou optimista em relação a um acordo. “Não queremos impor à Grécia nenhuma condicionalidade per se”, afirmou, frisando que os países do euro estão “todos no mesmo barco”.

Nesta terça-feira, na cidade espanhola de Santander (Cantábria), De Guindos puxou dos galões sobre a situação económica em Espanha, para defender a sua candidatura: “Para o futuro que se avizinha, é muito melhor ter como presidente [alguém] de um país que, depois de estar à beira do abismo, vai crescer o dobro da média da zona euro”.

Madrid quer aumentar o peso de Espanha nas instituições europeias e esse é outro argumento do ministro espanhol. “Não ouvi muitos países, com a excepção da Alemanha, a dizer quem apoia. Espanha está claramente sub-representada [nas instituições europeias], toda a gente reconhece isso”.

Na sua carta de intenções, Luis de Guindos dá como exemplo a forma como Espanha respondeu à crise, nomeadamente no sector financeiro. E assume nove prioridades, entre elas reforçar a coordenação das políticas económicas e financeiras, promovendo “reformas e a convergência económica”. A crise, diz, mostrou a dificuldade que é um problema de um país “tornar-se rapidamente um problema de todos”.

O papel do Eurogrupo, sublinha, passa por ajudar um país “a tomar medidas que, apesar de serem politicamente difíceis, são necessárias e, no longo prazo, essenciais para o bem-estar social”.