Igreja recorre a crowdfunding para restaurar tela do século XVII

A pintura esteve desaparecida durante décadas. Agora foi encontrada atrás do altar-mor, onde estava fixada desde a construção da igreja, no século XVII.

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A tela pertence a um conjunto de 35 obras da autoria do pintor régio Bento Coelho da Silveira (1617-1708) e irá ser “a primeira a ser restaurada”, uma tarefa que durará durante três meses, afirma o pároco Edgar Clara. Representa a Última Ceia de Jesus e é “uma peça central do programa iconográfico” de Coelho da Silveira, explica em comunicado a Câmara Municipal de Lisboa (CML).

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A tela pertence a um conjunto de 35 obras da autoria do pintor régio Bento Coelho da Silveira (1617-1708) e irá ser “a primeira a ser restaurada”, uma tarefa que durará durante três meses, afirma o pároco Edgar Clara. Representa a Última Ceia de Jesus e é “uma peça central do programa iconográfico” de Coelho da Silveira, explica em comunicado a Câmara Municipal de Lisboa (CML).

Segundo a CML, foi atrás do Altar-mor da paróquia, onde a tela esteve fixada desde a construção da igreja, que a encontraram “bastante danificada”. Com uma dimensão original de aproximadamente 2.60 por 4.75 metros, a pintura perdeu cerca de 1 metro na zona inferior.

Ana Ferreira, técnica de conservação e restauro, explica que estão a decorrer estudos e diagnósticos ao estado da tela, frisando que “os tratamentos seguintes” que visam, por exemplo, a “limpeza e o tratamento dos rasgões”, só serão possíveis com “o sucesso da angariação de verbas que a paróquia de São Cristóvão está a levar a cabo”.

A mesma ideia é defendida por Edgar Clara, que pretende angariar mais de um milhão de euros destinados às obras de reparação da paróquia. Para isso, é necessário “atrair as atenções” para o monumento, afirma, e assim consguir “diferentes vias de financiamento”. Para tal, até 2016, estão previstos workshops, visitas guiadas, uma exposição, a cargo do curador Paulo Pires do Vale, bem como concertos de música clássica, arraiais e espectáculos de fado, conduzidos por artistas locais. A saber: Jaime Dias, Conceição Ribeira, Rui Simões e Toni Proença, com Ribeiro Cardoso, na viola, e Sérgio Costa, na guitarra.

O padre da paróquia São Cristóvão entende que, através deste projecto, a arte torna-se mais acessível a todos e não apenas uma “coisa de iluminados”. Acrescenta ainda que “tudo o que se tem vindo a fazer” é para ter “continuidade” no futuro e que o público poderá acompanhar a realização dos trabalhos na paróquia. 

O projecto “Arte Por São Cristóvão” foi um dos vencedores da edição de 2014 do Orçamento Participativo de Lisboa e constitui o ponto de partida desta iniciativa. O pontapé de saída foi dado, assim, pela CML que atribuiu 75 mil euros para promover e divulgar o património da igreja.

Para já, a iniciativa continua a decorrer no website PPL Crowfunding Portugal, com o apoio e a participação da Câmara Municipal de Lisboa, da Junta de Freguesia de Santa Maior, da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural e do Patriarcado de Lisboa. Segundo se explica nesta plataforma, o valor total da obra para a recuperação da igreja é de um milhão e 200 mil euros. O restauro das telas está orçamentado entre os 300 e os 350 mil euros.

Texto editado por Ana Fernandes