Jovens produzem vinho em terrenos abandonados para pagar propinas

Luís Brito e João Martins decidiram aproveitar campos abandonados para produzirem vinho, em Viana do Castelo. Jovens universitários criaram a marca "Phulia" e já produziram 3.000 garrafas

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Luís Brito e João Martins, fundadores do Phulia DR

O objectivo de "não sobrecarregar" os pais com a despesa das propinas deu o mote ao projecto de dois jovens de Viana do Castelo que aproveitaram terrenos abandonados e recuperaram uma adega desactivada para produzir vinho e, assim, gerar algumas receitas.

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O objectivo de "não sobrecarregar" os pais com a despesa das propinas deu o mote ao projecto de dois jovens de Viana do Castelo que aproveitaram terrenos abandonados e recuperaram uma adega desactivada para produzir vinho e, assim, gerar algumas receitas.

"Tivemos a possibilidade de ficar com uma vinha que ia ficar ao abandono, pertença de um familiar. Propus a ideia ao João, pelo menos, para pagar parte das propinas e não sobrecarregar os nossos pais", contou Luís Brito. Em 2013, a ideia passava apenas "por produzir e vender uva", já que ambos ainda estudavam engenharia agropecuária. Acabaram por decidir "adquirir algum material usado" e produziram "os primeiros 400 litros de vinho".

Luís Brito, de 24 anos, já terminou o curso e trabalha numa empresa de distribuição de agroquímicos. O colega João Martins, de 25 anos, está prestes a concluir a formação mas o projecto continua "até onde os levar". "É o nosso 'part-time' dos fins-de-semana, mas um 'part-time' com responsabilidade, não podemos descurar nada", explicaram.

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Os vinhos Phulia têm um preço de três euros por garrafa DR

Nestes dois anos, o negócio cresceu não só em hectares de vinha recuperada, como em número de litros de vinho branco e rosé produzido. As primeiras 3.000 garrafas da colheita de 2013 começaram a ser distribuídas, em 2014, "porta a porta, a amigos e familiares". Este ano, com o dobro da produção, os dois empreendedores decidiram apresentar o "Phulia" em feiras e mostras, "para já no Alto Minho", com preço de venda ao público, por garrafa, de três euros.

Sem "apoios comunitários e sem recurso à banca", o projecto tem avançado "passo a passo", dentro da mesma lógica, sendo que todo o "lucro gerado é reinvestido na adega de garagem". O trabalho é dividido pelos dois, desde o tratamento da vinha ao produto final. O "engenho" dos dois permitiu "poupar" no investimento, através da reutilização de material. O processo de vinificação é garantido por "engenhocas" que os dois vão criando conforme as necessidades.

A "transformação de antigas máquinas de finos em refrigeração para as cubas", um "sistema de lavagem da adega e das cubas feito através do aproveitamento de águas" e uma "máquina de rotulagem das garrafas", em madeira, "encomendada a um artesão local, que "funciona à manivela", são exemplos da imaginação dos dois empreendedores.

"Com o mínimo de recursos queremos fazer vinho de qualidade", explicou Luís Brito, o porta-voz da dupla de produtores. Actualmente já trabalham 1,5 hectares de vinha em terrenos agrícolas que estavam abandonados e que foram "cedidos" pelos proprietários, nas freguesias de Nogueira, Portuzelo, Santa Marta e Cardielos. A escolha do nome do vinho não foi ao acaso, até porque ambos estiveram, desde cedo, ligados ao folclore e às tradições locais. "Escolhemos 'Phulia' porque transmite alegria e romaria e porque se adequa ao espírito dos vianenses", explicou Luís. No rótulo, desenhado por um 'designer' amigo, estão representados símbolos dos costumes locais. "Tem três círculos que representam as três libras que as mordomas levam no dia do casamento, e que significam a virgindade. Dentro desses círculos estão símbolos que são utilizados nos bordados dos lenços de namorados", explicou.

Questionados sobre os seus planos para o futuro, respondem: "Não queremos dar um passo maior do que a perna. Se calhar, para o ano, vamos manter as seis mil garrafas ou avançar para um novo projecto de implantação de vinha nossa, mas só se isto correr bem".