Estudar compensa mas ainda se sabe pouco sobre o emprego dos diplomados

Foto
ENRIC VIVES RUBIO

É uma das coordenadoras do Observatório de Inserção Profissional dos Diplomados da Universidade Nova de Lisboa, lamenta que não exista ainda um retrato nacional sobre a situação de emprego dos diplomados. Sem este, alerta, não é possível avaliar com rigor a empregabilidade dos cursos, mesmo que o ministério já esteja a utilizar este indicador para a fixação de vagas.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

É uma das coordenadoras do Observatório de Inserção Profissional dos Diplomados da Universidade Nova de Lisboa, lamenta que não exista ainda um retrato nacional sobre a situação de emprego dos diplomados. Sem este, alerta, não é possível avaliar com rigor a empregabilidade dos cursos, mesmo que o ministério já esteja a utilizar este indicador para a fixação de vagas.

Em Junho de 2014 estavam inscritas nos centros de emprego 9644 pessoas com mestrado concluído, o que corresponde a 1,7% do total de inscritos. Com licenciaturas essa percentagem subia para 12,9%. Estes dados mostram que ainda compensa ir mais longe nos estudos no ensino superior? Ou pode dizer-se que já são excessivos?
A percentagem será sempre excessiva precisamente por causa dos níveis de qualificação desses desempregados. Dito isto, é importante referir que estes dados têm fortes limitações uma vez que dizem apenas respeito a pessoas inscritas nos centros de emprego e sabemos que nem todos se inscrevem. Mas o que mostram é coincidente com os dados que têm sido recolhidos pelas universidades e institutos politécnicos. Quem tem um mestrado está em melhor situação profissional e o mesmo se aplica a quem é licenciado por comparação aos que só têm o ensino básico e secundário. Ou seja, estudar compensa.
Mas continua a ser lamentável que não exista um retrato nacional da situação de emprego dos diplomados. Existem dados recolhidos por universidades e politécnicos, mas como os instrumentos e as metodologias de recolha são diferentes não é possível ter este levantamento nacional. Ainda há muito a saber sobre esta situação, o que é preocupante.

Coordenou um projecto do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas que tinha precisamente por objectivo ultrapassar essas limitações. A que resultados chegaram?
Deste projecto resultou um guião, que foi apresentado em Março, na Fundação Gulbenkian, de como se podem recolher dados de forma a chegar-se a um retrato nacional. Já apresentámos esta proposta ao ministério porque esta recolha de dados é da sua competência.

Quais as áreas de mestrado em que a empregabilidade é maior?
É impossível responder a essa questão porque os dados existentes não o permitem. Se o fizesse estaria a especular.
Somos dos poucos países que não tem este diagnóstico feito. E estamos a ir mais longe do que outros por exemplo na definição de vagas em função da empregabilidade dos cursos sem que tenhamos dados rigorosos para o fazer, porque mais uma vez os que são usados pelo ministério para este efeito dizem apenas respeito aos inscritos nos centros de emprego.